Na ONU, Brasil mantém condenação à invasão da Ucrânia, apesar da neutralidade defendida por Bolsonaro
Por Lisandra Paraguassu
BRASÍLIA (Reuters) - Apesar das declarações de neutralidade do presidente Jair Bolsonaro, o Brasil voltou a condenar nesta segunda-feira a invasão da Ucrânia pela Rússia, durante sessão especial da Assembleia Geral das Nações Unidas, em Nova York.
Apesar de ressaltar que o conflito de agora vem do não cumprimento dos Acordos de Minsk - que deram fim aos conflitos na Ucrânia em 2014 e previam, entre outros pontos, alguma autonomia às províncias de Donetsk e Lugansk - o embaixador do Brasil na ONU, Ronaldo Costa Filho, ressaltou que essa situação não justifica a invasão.
"Nos últimos anos, temos visto uma deterioração progressiva da situação de segurança e do balanço de poder na Europa Oriental. O enfraquecimento dos Acordos de Minsk por todas as partes e o descrédito das preocupações com a segurança vocalizadas pela Rússia prepararam o terreno para a crise que estamos vendo. Deixe-me ser claro, no entanto: esta situação não justifica o uso da força contra a integridade do território de um estado-membro", disse. "Vai contra as normas e princípios mais básicos e é uma violação clara da carta da ONU."
No domingo, em entrevista no Guarujá, onde passa feriado, Bolsonaro se recusou a condenar a invasão da Ucrânia pela Rússia, alegando que a posição do país é de neutralidade.
"Agora, nós devemos entender o que está acontecendo. No meu entender, nós não vamos tomar partido, nós vamos continuar pela neutralidade e ajudar no que for possível na busca da solução", disse.
Na ONU, no entanto, apesar de ponderar a existência de interesses russos contrariados, o governo brasileiro manteve a condenação e defendeu a dura resolução do Conselho de Segurança vetada pelos russos.
Em sua fala, o embaixador disse que há uma escalada das tensões que coloca toda humanidade em risco, mas que ainda há tempo de pará-la, e lamentou que a resolução proposta pelos Estados Unidos ao Conselho de Segurança das Nações Unidas não tenha sido aprovada. O texto teve voto favorável de 11 dos 15 membros, mas a Rússia usou seu poder de veto.
"Acreditamos que o Conselho ainda não exauriu todos os seus instrumentos para conseguir contribuir para uma negociação diplomática para alcançarmos a paz", defendeu o embaixador.
A Assembleia Geral das Nações Unidas foi chamada nesta segunda-feira, de forma emergencial, para discutir a invasão da Ucrânia pela Rússia - essa foi apenas a 11a vez na sua história que uma sessão extraordinária foi convocada - depois do veto russo à resolução no Conselho de Segurança.
A expectativa é que uma resolução contra a Rússia seja aprovada por uma ampla maioria dos 193 países que fazem parte mas, ao contrário do Conselho de Segurança, a Assembleia não tem o poder de tomar medidas práticas, como a aplicação de sanções. O efeito da condenação dos russos é mais político do que prático.
(Reportagem de Lisandra Paraguassu)
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