Mourão defende subsidiar combustíveis até guerra 'amainar' e cita custos de R$ 14 bi
O vice-presidente da República, Hamilton Mourão, defendeu nesta quarta-feira um subsídio para ajudar a controlar o preço dos combustíveis em meio à guerra entre Rússia e Ucrânia, por um período determinado, e estimou um custo de 13 bilhões a 14 bilhões de reais.
"Na minha opinião, a linha de ação que causasse menos danos a posteriori seria usar os recursos de royalties e dividendos para dar um subsídio ao combustível durante um período devidamente qualificado", defendeu.
Ele não mencionou a Petrobras, mas a empresa, controlada pelo governo, elevou os pagamentos à União após um lucro recorde em 2021. Os dividendos pagos a todos os acionistas somaram 101,4 bilhões de reais.
"Acho que isso (o custo do subsídio) daria uns 13, 14 bilhões durante três ou quatro meses, até que o conflito amainasse e o preço do combustível voltasse a níveis mais adequados."
Mourão não participa das reuniões de governo que vem analisando alternativas para tentar conter o reflexo da alta do petróleo nos preços internos, mas mantém contatos com a equipe econômica.
Nesta quarta, o presidente Jair Bolsonaro se reúne com os ministros da Fazenda, Paulo Guedes, da Casa Civil, Ciro Nogueira, de Minas e Energia, Bento Albuquerque, e o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, para tentar um acordo entre a ala política e a econômica do governo.
Um encontro apenas entre os ministros, na terça-feira, terminou sem um acordo sobre o melhor caminho a tomar.
A equipe econômica, que inicialmente era contra a ideia de um programa de subvenção de preços de combustíveis, já admite a criação do subsídio, apesar de inicialmente contrária à proposta.
A intenção da Economia era focar na aprovação de projetos no que possam atenuar o preço dos combustíveis e que já estão na pauta do Congresso, e acredita que é possível ter até mesmo o apoio da oposição.
"Queremos os dois: o PL que muda a cobrança de ICMS e também a subvenção, mas primeiro queremos garantir a redução e impostos para garantir que todos vão pagar esse conta (União e Estados)", disse uma fonte ligada a área econômica.
"Depois, se precisar, fazemos o programa de subvenção nos moldes do que foi feito no governo (Michel) Temer. A ideia é que ele duraria três meses."
Nesta quarta-feira, os preços do petróleo despencavam cerca de 5% no mercado internacional, quando os investidores avaliaram a proibição dos Estados Unidos às importações de petróleo russo, após uma disparada nos últimos dias.
A visão de que a proibição dos EUA às importações de petróleo russo pode não piorar a escassez manteve os preços sob controle, disseram traders.
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