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EXCLUSIVO-Lagarde, do BCE, dá mais voz a chefes de bancos centrais nacionais na política monetária

17/05/2022 15h33

Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa

FRANKFURT (Reuters) - A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, tem dado mais voz aos chefes dos bancos centrais nacionais nas reuniões de política monetária e pediu que seu próprio conselho fale menos e reserve mais tempo para o debate, disseram fontes familiarizadas com o processo.

Lagarde decidiu agora limitar as apresentações dos membros do conselho a 20 páginas e disse às autoridades para encerrar suas apresentações até a hora do almoço no primeiro dia da reunião de política monetária do BCE, disseram as fontes.

Além disso, a reunião de política monetária de dois dias agora começa na quarta-feira de manhã, em vez da tarde, e a sessão de quinta-feira começa 30 minutos mais cedo do que anteriormente, tudo com o objetivo de deixar mais espaço para debate, segundo as fontes.

As mudanças, que não haviam sido relatadas anteriormente, já estavam em vigor na reunião de 14 de abril.

"Agora estamos fornecendo uma análise mais abrangente em documentos de apoio antes da reunião para que as apresentações possam ser mais concisas para evitar repetições", disse um porta-voz do BCE. "Ao iniciar as reuniões mais cedo, o Conselho do BCE deu a si mesmo mais tempo para chegar a uma avaliação compartilhada das perspectivas econômicas e tomar decisões coletivas de política monetária."

Como é a pessoa que supervisiona as projeções econômicas e é o autor de recomendações de política monetária no BCE, as apresentações e propostas do economista-chefe Philip Lane são a peça central dos debates, que incluem um jantar informal na noite de quarta-feira com a presença dos chefes dos bancos nacionais e dos seis membros do conselho do BCE.

Lane se recusou a comentar esta matéria.

A inflação na zona do euro é atualmente quase quatro vezes a meta do BCE e pode não cair abaixo de 2% por anos, de acordo com uma série de projeções dos setores público e privado.

Algumas autoridades haviam alertado publicamente que os aumentos de preços poderiam ser maiores e mais duráveis ​​do que o BCE previu e contestaram a visão de Lane de que o salto recorde da inflação diminuiria sem uma ação mais dura. Alguns formuladores de política monetária disseram em particular que sentiram que Lane deu pouca atenção às visões contrastantes.

Erros nas estimativas de inflação do BCE forçaram a instituição a uma guinada sem precedentes na sua abordagem de política monetária. Lagarde primeiro disse que um aumento da taxa de juros este ano seria altamente improvável, mas apenas alguns meses depois consolidou expectativas de um ajuste em meados do ano.

A frustração com o fato de o banco central ter tido que mudar de direção tão abruptamente e também o formato do debate nas reuniões de política monetária levaram algumas autoridades a vazar detalhes das reuniões de política monetária, disseram as fontes.

"Christine (Lagarde) está realmente irritada com os vazamentos e este é mais um passo para tentar detê-los", afirmou uma das fontes.

Quando assumiu o cargo no final de 2019, Lagarde prometeu tornar o processo de formulação de política monetária mais inclusivo após os turbulentos meses finais da presidência de Mario Draghi, seu antecessor --quando várias autoridades se opuseram abertamente às decisões de política monetária.

A reestruturação das reuniões é vista como parte desse compromisso.