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Dólar tem maior queda em um mês após Fed cumprir expectativas do mercado

15/06/2022 17h14

Por José de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar registrou forte queda ante o real nesta quarta-feira, a maior em cerca de um mês, o que conferiu à moeda brasileira o melhor desempenho global no dia, em meio a um declínio generalizado da divisa norte-americana após o banco central dos Estados Unidos cumprir expectativas em sua decisão de política monetária e sinalizar que aumentos excepcionais dos juros podem não ser a norma.

O dólar à vista --que chegou a subir 0,04% na máxima intradiária, a 5,1359 reais-- acabou fechando em baixa de 2,07%, a 5,0278 reais na venda. O recuo percentual é o mais forte para um encerramento de sessão desde 17 de maio (-2,14%).

Na mínima, tocada já perto de o chair do BC dos EUA, Jerome Powell, encerrar sua coletiva de imprensa, a cotação perdeu 2,26%, a 5,0183 reais.

Lá fora, o dólar caía frente a quase todos os seus principais pares. Contra uma cesta de moedas, a queda era de 0,48%, que o afastava de máximas em 20 anos alcançadas na véspera.

O grande evento esperado do dia era a decisão e sinalização de política monetária pelo Federal Reserve. O banco central norte-americano, elevou sua meta de taxa de juros em 0,75 ponto percentual, cumprindo expectativas do mercado. A magnitude foi a maior desde 1994. Powell disse que um aumento adicional de 50 ou 75 pontos-base é provável em julho, mas ressalvou não esperar que altas de 75 pontos-base se tornem comuns.

"O fato de Powell ter feito essa ponderação de que alta de 0,75 ponto (percentual) é um movimento incomum e que ele não espera que se torne comum talvez esteja por trás da queda do dólar", disse Marcello Negro, gestor de multimercado da Fator Administração de Recursos.

"Tudo indica que o Fed pode ser mais forte e mais rápido (no aperto monetário). E aí o dólar no mundo tende a desvalorizar um pouquinho, porque talvez o ciclo seja mais curto", acrescentou Negro.

O mercado agora se volta para a decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, cujo anúncio está previsto para a partir de 18h30 (de Brasília). A expectativa consensual é de elevação de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, para 13,25% ao ano.

"O diferencial de juros continua absurdamente alto para o Brasil, e o real ainda deve se beneficiar de fluxo comercial e financeiro --bolsa está barata, as commodities ainda estão em patamares mais elevados", disse o gestor da Fator, que enxerga o dólar mais para 4,80 reais em cerca de dois meses do que para 5 reais.