Risco de inflação estourar limite da meta vai a 100% em 2022 e sobe para 2023, diz BC
A probabilidade de a inflação ultrapassar os limites do intervalo de tolerância da meta este ano subiu de 88% na estimativa de março para 100%, conforme Relatório Trimestral de Inflação divulgado nesta quinta-feira pelo Banco Central, que também aumentou a estimativa da chance de estouro em 2023, de 12% para 29%.
"As projeções de inflação subiram em todo o horizonte considerado", disse o BC no documento.
De acordo com a autoridade monetária, entre os fatores que levaram à revisão das estimativas para cima estão a inflação recente maior do que o esperado, revisão das projeção de curto prazo, elevação dos preços do petróleo e a propagação das pressões inflacionárias por inércia.
O BC também mencionou o crescimento das expectativas de mercado para a inflação, indicadores de atividade econômica mais fortes que o esperado e aumento da taxa de juros real neutra.
A meta de inflação para este ano, já abandonada pelo Banco Central, é de 3,5%, com tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou para menos. Para 2023, atual foco da política monetária, a meta é 3,25%, também com a mesma margem.
O IPCA-15 voltou a acelerar em junho e ficou em 0,69%, acima das expectativas, com a taxa acumulada em 12 meses permanecendo acima de 12%.
Pela atual projeção do Banco Central, o IPCA acumulado em 12 meses recuará para 11,31% em agosto e encerrará este ano em 8,8%. Para a autarquia, a inflação ficará em 4,0% no fim de 2023 e em 2,7% em 2024.
O relatório aponta que no trimestre encerrado em maio a variação do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) ficou 1,08 ponto percentual maior que o esperado pelo BC em seu cenário de referência feito em março.
"A surpresa inflacionária no trimestre decorreu do comportamento dos preços livres, principalmente de alimentos. A inflação de serviços e de bens industriais se mantém alta, e os recentes choques continuam levando a um forte aumento nos componentes ligados a alimentos e combustíveis", afirmou.
Segundo o BC, os componentes mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária seguem com inflação elevada e houve aceleração das diversas medidas de inflação subjacente — que desconsideram elementos mais voláteis.
O relatório foi apresentado com uma semana de atraso por conta da greve de servidores do órgão. A paralisação também fez com que o documento fosse apresentado sem os boxes adicionais com análises de temas escolhidos pelo BC, segundo a assessoria do órgão.
Na semana passada, o presidente do BC disse que o pior momento da inflação no Brasil já passou e que o país está muito perto de finalizar todo o trabalho de elevação de juros para domar a alta de preços.
Em junho, o Banco Central subiu a taxa Selic em 0,5 ponto percentual, a 13,25% ao ano, e disse que antevê um novo ajuste, de igual ou menor magnitude, na reunião de agosto. A autoridade monetária não especificou na ocasião se esse seria o último ajuste do agressivo ciclo de aperto monetário iniciado em 2021.
O BC mencionou que ganharam destaque nas últimas semanas iniciativas do Congresso e do governo "com significativo potencial de impacto na inflação", mas a autarquia ainda considerou nessa avaliação a medida que zeraria o ICMS sobre diesel e gás neste ano, inciativa que foi descartada.
Segundo o documento, apesar das melhoras nos resultados e nas projeções fiscais de curto prazo, a percepção da situação fiscal voltou a piorar recentemente.
Desaceleração relevante
No documento, a autarquia também apresentou dados preliminares do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) represados por causa da greve. O último número disponível até então era o de fevereiro.
O órgão afirmou que o IBC-Br teve alta de 1,1% no primeiro trimestre ante o quarto trimestre de 2021, ressaltando que o dado teve recuperação forte em fevereiro e março e queda moderada em abril.
O relatório apontou que alterações no calendário de transferências governamentais terão impacto negativo sobre a renda disponível das famílias no segundo semestre, contribuindo para o arrefecimento do consumo. O governo antecipou para o primeiro semestre o pagamento do 13º de aposentados como medida para mitigar efeitos da inflação.
A autoridade monetária ressaltou que está mantida a expectativa de desaceleração relevante da atividade econômica no segundo semestre pelo efeito defasado do agressivo ciclo de aperto monetário e por conta dessa mudança de calendário.
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