Dólar tomba a R$5,2059 com perspectiva de desidratação da PEC da Transição
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar caiu acentuadamente nesta terça-feira e chegou a ser negociado abaixo dos 5,20 reais, com o mercado comemorando a perspectiva de desidratação dos termos da PEC da Transição na Câmara dos Deputados.
No mercado à vista, o dólar recuou 1,97%, a 5,2059 reais na venda, depois de durante a sessão ter chegado a cair 2,52%, a 5,1764 reais na venda.
A moeda norte-americana registrou nesta terça-feira a maior depreciação percentual diária desde 31 de outubro (-2,59%) e o patamar de encerramento mais baixo desde 1° de dezembro (5,1979).
Os líderes da Câmara fecharam acordo nesta manhã para reduzir o tempo de vigência da PEC de dois para um ano, mantendo o valor de 145 bilhões de reais para o pagamento do Bolsa Família e o espaço fiscal em cima do excesso de arrecadação, anunciou o deputado Cláudio Cajado (PP-BA) após encontro de parlamentares, incluindo o presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), com membros do governo eleito.
Questionado se a PEC será aprovada pela Câmara em votação ainda nesta terça, o deputado afirmou que essa é a expectativa, uma vez que o acordo foi fechado pelas lideranças de todos os partidos.
"O mercado está reagindo a uma perspectiva de desidratação da PEC da Transição na Câmara", disse à Reuters Fernando Bergallo, diretor de operações da FB Capital. "Então vejo uma forte entrada de investidores tanto para bolsa como para renda fixa", o que ajudou a impulsionar o real, acrescentou o especialista.
O Ibovespa disparava cerca de 2% nesta tarde, enquanto alguns dos principais contratos de DI chegaram a cair até 40 pontos-base.
"Ainda temos juros muito atrativos e muito acima dos europeus, norte-americanos e do resto do mundo, então o investidor, sentindo algum nível de segurança e conforto, vem mesmo pra cá em busca de oportunidades", completou Bergallo.
Custos de empréstimos elevados no Brasil tornam o real atraente para estratégias de "carry trade", que consistem na tomada de empréstimo em país de juro baixo e aplicação desses recursos num mercado mais rentável.
O intenso ciclo de aperto monetário do Banco Central, que levou a taxa Selic para os atuais 13,75%, é apontado como um dos principais responsáveis pela queda de 4,7% que o dólar apresenta frente ao real no acumulado de 2022.
Colaborou para o avanço do real nesta terça-feira a fraqueza da divisa norte-americana no exterior. O índice do dólar contra uma cesta de seis pares de países ricos recuava 0,55% no dia.
A maior parte dessas perdas era frente ao iene japonês, que disparou depois que o Banco do Japão chocou os mercados ao decidir rever sua política de controle da curva de juros e ampliar a faixa de negociação para o rendimento dos títulos do governo de dez anos.
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