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Sindicatos querem apoio do governo em crise da Americanas; ministro cita "irresponsabilidade empresarial"

Fachada de uma das unidades das Lojas americanas, no centro do Recife, capital pernambucana - José Marcos/Estadão Conteúdo
Fachada de uma das unidades das Lojas americanas, no centro do Recife, capital pernambucana Imagem: José Marcos/Estadão Conteúdo

Alberto Alerigi Jr.

Em São Paulo

30/01/2023 14h18Atualizada em 30/01/2023 14h49

As maiores centrais sindicais do país divulgaram comunicado conjunto nesta segunda-feira defendendo a participação direta do Ministério do Trabalho no processo de recuperação judicial da Americanas, ocorrido após a revelação no início do mês de pelo menos 20 bilhões de reais em problemas contábeis.

Em reunião com sindicatos, o ministro do Trabalho, Luiz Marinho, disse que "aparentemente, pode ter havido uma irresponsabilidade empresarial" na crise da Americanas, mas afirmou que "é fundamental a gente conseguir preservar a continuidade da atividade econômica das Lojas Americanas, independente de quem seja seu controlador".

A Americanas tem entre os principais acionistas os bilionários Jorge Paulo Lemann, Carlos Sicupira e Marcel Telles.

Oito entidades sindicais, incluindo CUT, Força Sindical, UGT, assinaram o pedido apresentado ao ministro nesta segunda-feira. As centrais têm querem preservar empregos na varejista, que têm mais de 44 mil trabalhadores, além de "centenas de milhares" na rede de fornecedores.

"Por esses motivos, as centrais solicitaram ao Ministro do Trabalho e Emprego que o governo participe diretamente do processo com o objetivo de estabelecer diálogo tripartite e total transparência, neste que é um dos maiores processos de recuperação empresarial do país", afirmaram as entidades.

O ministro afirmou que se reuniu com as centrais sindicais para ouvir as demandas dos trabalhadores e afirmou que o governo "não tem uma saída para apresentar a vocês (trabalhadores) mas queremos pensar junto com vocês".

"Aves de rapina"

Marinho afirmou que a crise da Americanas "também preocupa a área econômica do governo... Mas os problemas dos bancos não podem ser maiores que os problemas relacionados a trabalho e emprego, com milhares de pessoas e famílias que podem ser atingidos por este impacto", disse.

"É preciso encontrar como responsabilizar os acionistas que devem ter aprontado para dar esse rombo", afirmou o ministro, esperando que os problemas da Americanas estejam limitados à varejista e não ao setor todo.

"Parece que é uma questão isolada das Lojas Americanas que deve ter tido alguma ave de rapina que encontrou uma brecha para aprontar... e para ficar mais bilionários do que já eram", disse Marinho sem citar nomes. "Seguramente os órgãos fiscalizadores... CVM... é preciso observar se não houve fraude."

As centrais convocaram um ato para a sexta-feira no Rio de Janeiro para chamar atenção para a situação dos trabalhadores da rede varejista, que pediu recuperação judicial sob peso de mais de 40 bilhões de reais em dívidas.