BCE aumenta juros em 0,25 p.p. e sinaliza que não dará pausa
Por Balazs Koranyi e Francesco Canepa
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu elevou a taxa de juros em 25 pontos base, para 3,25%, como esperado nesta quinta-feira, e sinalizou que mais aperto será necessário para conter a inflação.
O banco central dos 20 países que compartilham o euro elevou os juros até agora em um total de 375 pontos-base desde julho passado, seu ritmo mais rápido de aperto. Mas deixou claro que novos movimentos ainda são prováveis devido às crescentes pressões salariais e de preços.
A decisão foi tomada um dia depois de o Federal Reserve também ter elevado sua taxa referencial em 25 pontos --nesse caso para a faixa de 5,0% a 5,25% --mas indicou que esse pode ter sido o último de uma histórica série de aumentos.
"Não estamos pausando --isso está muito claro", disse a presidente do BCE, Christine Lagarde, em entrevista à imprensa. "Sabemos que temos mais terreno a cobrir."
Lagarde afirmou que ainda há grandes riscos de alta para a inflação, destacadamente de recentes acordos salariais e de altas margens de lucro corporativo, e que as condições financeiras ainda não estão suficientemente apertadas.
Ela destacou que o comunicado por escrito do banco fez referência a "decisões de política monetária" futuras no plural, possivelmente sugerindo mais de um aperto.
A decisão do BCE, que representou uma desaceleração após três aumentos consecutivos de 50 pontos, ocorre apenas alguns dias depois que dados bancários da zona do euro mostraram a maior queda na demanda por empréstimos em mais de uma década. Isso sugere que aumentos de juros anteriores estão afetando a economia e que as políticas do BCE agora estão restringindo o crescimento.
"As decisões sobre os juros continuarão a se basear em sua avaliação das perspectivas de inflação à luz dos dados econômicos e financeiros recebidos, da dinâmica da inflação subjacente e da força da transmissão da política monetária", disse o BCE em comunicado divulgado antes da entrevista coletiva.
O BCE também informou que a partir de julho vai parar de reinvestir o dinheiro de dívida vencida em seu Programa de Compra de Ativos de 3,2 trilhões de euros.
As autoridades estavam divididas antes da reunião entre um aumento de 25 pontos-base e 50 pontos, mas os mercados e economistas apostaram fortemente no aumento menor após dados fracos nas últimas semanas e moderação semelhante por outros grandes bancos centrais.
Apoiando uma alta menor, a economia da zona do euro mal cresceu no último trimestre e os bancos estavam restringindo o acesso ao crédito, aumentando o risco de que tal tendência pudesse se transformar em uma crise de crédito total e prejudicar ainda mais o crescimento.
A inflação subjacente também parou de subir - pelo menos por enquanto.
Somando-se à cautela, a maioria dos grandes bancos centrais do mundo está agora optando por incrementos de 25 pontos-base após grandes altas anteriores, e o Federal Reserve dos EUA até sinalizou na quarta-feira que pode fazer uma pausa.
"No geral, as informações recebidas apoiam amplamente a avaliação da perspectiva de inflação de médio prazo que o Conselho do BCE formou em sua reunião anterior", disse o BCE, que não cumpriu sua meta de inflação de 2% na última década.
Mas como outros bancos centrais, incluindo o Banco da Inglaterra, o BCE ainda deve aumentar os custos de empréstimos várias vezes antes de atingir a taxa máxima de 3,75%, já que a inflação pode levar anos para voltar à meta de 2%.
Embora a inflação geral tenha caído acentuadamente em relação às leituras de dois dígitos anteriores, as pressões de preços subjacentes ainda estão crescendo, sugerindo que o crescimento dos preços pode se estabilizar acima da meta do BCE, a menos que o banco suba mais os juros.
Esses riscos são exacerbados por um mercado de trabalho apertado, especialmente porque o crescimento dos salários foi mais rápido do que o previsto e a taxa de desemprego caiu para o nível mais baixo de todos os tempos, apesar do ambiente quase recessivo.
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