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Mudança de tom em negociações de dívida dos EUA pode levar a uma ação de classificação antes do calote, diz Moody's

24/05/2023 15h38

Por Davide Barbuscia

NOVA YORK (Reuters) - A agência de classificação de risco Moody's espera que o governo dos Estados Unidos continue a pagar suas dívidas em dia, mas declarações públicas de parlamentares durante as negociações do teto da dívida podem levar a uma mudança em suas avaliações antes de um potencial calote, disse um analista sênior.

Investidores usam as classificações de crédito como uma das métricas para estabelecer os perfis de risco de governos e empresas.

Geralmente, quanto mais baixa a classificação de um mutuário, mais altos são seus custos de financiamento. Isso significa que um possível rebaixamento da classificação do governo norte-americano pode afetar o preço de trilhões de dólares em títulos de dívida do Tesouro.

Investidores têm de enfrentar esse risco antes do prazo de 1º de junho indicado pelo Tesouro dos EUA para aumentar o teto da dívida de 31,4 trilhões de dólares do governo norte-americano, com democratas e republicanos ainda profundamente divididos sobre como conter o déficit federal.

A Moody's tem uma classificação "Aaa" para o governo dos EUA com uma perspectiva estável --a avaliação de qualidade de crédito mais alta que a Moody's dá aos tomadores de empréstimos.

A Moody's espera que os parlamentares cheguem a um acordo sobre o aumento do limite de empréstimos desta vez. Mas se prepara para negociações prolongadas e possíveis soluções temporárias, disse William Foster, vice-presidente sênior da Moody's, à Reuters.

O governo dos EUA será considerado inadimplente se deixar de pagar a dívida, o que provocaria um rebaixamento da agência de classificação em um degrau para "Aa1".

Mas a Moody's pode agir antes de um calote e alterar sua perspectiva sobre o governo dos EUA de estável para negativa se os parlamentares indicarem que a inadimplência é esperada, disse Foster. Uma mudança na perspectiva refletiria um aumento significativo na probabilidade de um rebaixamento.

“Circunstâncias como essa podem ocorrer se mensagens públicas de ambos os lados ou dos principais negociadores indicarem que eles consideram seriamente a inadimplência e que estão confiantes de que esta é uma opção viável”, disse Foster.

"Se estamos chegando perto da data X e haja uma mudança de tom que pareça significativa, material, e altere a análise geral de probabilidade, ... essa é a única base para uma alteração potencial antes de um pagamento perdido," ele disse.

A data X é quando o governo não pode mais pagar todas as suas contas. A secretária do Tesouro dos EUA, Janet Yellen, disse no domingo que 1º de junho continua sendo um "prazo rígido" para aumentar o limite da dívida federal.

Por causa do prazo apertado, Foster disse que continua à espera de um acordo de teto de dívida no verão norte-americano ou no final do ano fiscal dos EUA em setembro, com os parlamentares provavelmente acordando uma suspensão do limite de curto prazo enquanto isso.