Campos Neto vê "janela" para continuidade na queda dos núcleos de inflação
SÃO PAULO (Reuters) -Os núcleos de inflação estão, em média, arrefecendo, embora mais lentamente do que o esperado, e o Brasil entrou em uma janela temporal agora na qual esse movimento de queda deve continuar, disse o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, nesta segunda-feira, em evento em Fortaleza.
Campos Neto pontuou que a inflação cheia no Brasil está "caindo bastante", mas que todos os países estão com núcleos de inflação "bastante altos" se comparados com as metas de inflação.
"Vemos que a média de núcleos está caindo, o que é bom, mas mais lentamente que o esperado", pontuou o presidente do BC, ao se referir à situação brasileira. "Ainda temos expectativas de inflação de longo prazo elevadas", acrescentou.
Apesar do diagnóstico, Campos Neto afirmou que o país entrou em uma "janela" em que a queda dos núcleos de inflação "provavelmente vai continuar".
Ao mesmo tempo, ele afirmou que existe um "surto" de inflação no mundo, mas que a inflação brasileira é "mais baixa que a média".
Campos Neto também abordou o atual cenário para o crescimento das economias globais. Sobre a China, ele disse que o país está sendo atualmente "muito carregado por consumo e investimento, que tende a não persistir".
Em relação ao Brasil, o presidente do BC afirmou que a atividade econômica está surpreendendo para cima, com serviços em alta e a indústria em baixa -- neste caso, muito em função da indústria automotiva, que possui parcela considerável do setor.
"O mercado de trabalho tem sido uma surpresa relativamente positiva no Brasil", acrescentou. "O desemprego está em nível bem melhor que antes da pandemia. Tem desemprego na indústria, mas geração de empregos em serviços."
Ao tratar do crescimento brasileiro, Campos Neto também defendeu a importância de ações que elevem a produtividade ao longo do tempo.
"Todas as reformas que enderecem o tema de produtividade vão ser relevantes", defendeu. "O Brasil fez muitas reformas, mas, com todas as reformas, os economistas acham que nossa capacidade de gerar crescimento sem inflação caiu", disse.
(Por Fabrício de CastroReportagem adicional de André RomaniEdição de Pedro Fonseca)
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