Taxas futuras curtas de juros caem após IPCA elevar expectativa de corte da Selic em agosto
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos contratos futuros de juros de curto prazo fecharam a quarta-feira em queda, na esteira dos dados de inflação abaixo do esperado no Brasil, que reforçam a perspectiva de início de corte da Selic em agosto, enquanto as taxas dos vértices longos encerraram a sessão em alta, em sintonia com o avanço dos rendimentos dos Treasuries.
Pela manhã, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) informou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) subiu 0,23% em maio, depois de ter avançado 0,61% em abril. O resultado é o mais fraco desde setembro de 2022 (-0,29%) e ficou bem abaixo da expectativa em pesquisa da Reuters, de avanço de 0,33%.
Com isso, o IPCA passou a acumular em 12 meses até maio taxa de 3,94%, contra 4,18% antes.
O dado do IPCA somou-se a um conjunto de outros indicadores de inflação que, recentemente, apontaram para o arrefecimento dos preços: IPCA-15, IGP-M e IGP-DI.
Em reação, a curva a termo precificava, na tarde desta quarta-feira, cerca de 80% de chances de o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central, em sua reunião de agosto, cortar a taxa básica Selic em 0,25 ponto percentual. Os outros 20% precificam manutenção da taxa em 13,75% ao ano em agosto.
Para a reunião de junho, há apenas 10% de probabilidade de corte de 0,25 ponto.
“As opções de Copom já mostram uma nova perspectiva do mercado para a reunião de agosto, que antes projetava uma manutenção da taxa, porém agora já se precifica um corte de 0,25 ponto. Movimento este de corte que estava sendo precificado apenas para a reunião de setembro”, comentou Rodrigo Caetano, analista da Toro Investimentos, em mensagem a clientes.
O viés de baixa para as taxas futuras, trazido pelo IPCA, acabou sendo amenizado pelo exterior, onde os rendimentos dos Treasuries subiam após o Banco do Canadá elevar sua taxa básica de juros, pouco tempo depois de o BC da Austrália fazer o mesmo para conter a inflação.
No mercado, a leitura foi de que o Federal Reserve também poderá ser obrigado a subir novamente os juros para conter a inflação, ainda que os mantenha na faixa de 5,00% a 5,25% neste mês de junho.
“Após abrir pesada de ponta a ponta em reação ao IPCA de maio abaixo do esperado, a curva de juros passou a precificar não apenas o fortalecimento das apostas para corte na Selic em agosto, com consequente inclinação da curva, mas também o parrudo leilão do Tesouro, que ofertou montante expressivo em prefixados -- entre demais modalidades -- no dia de hoje”, disse Cleber Alessie Machado, gerente da mesa de Derivativos Financeiros da Commcor DTVM, em análise enviada a clientes.
“Paralelamente, potencializa a reviravolta nos vértices intermediários e longos dos juros a aceleração nos yields (rendimentos) dos Treasuries”, acrescentou.
Neste cenário, no fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para outubro de 2023 estava em 13,48%, ante 13,505 do ajuste anterior, enquanto a taxa para janeiro de 2024 estava em 13,1%, ante 13,132% do ajuste anterior. A taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 11,265%, ante 11,241%. Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2026 estava em 10,64%, ante 10,531% do ajuste anterior, e a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,645%, ante 10,514%.
No exterior, os rendimentos dos Treasuries seguiam em alta no fim da tarde.
Às 16:42 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 9,30 pontos-base, a 3,7933%.
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