BCE eleva juros para máxima em 22 anos e não dá indícios de pausa
Por Francesco Canepa e Balazs Koranyi
FRANKFURT (Reuters) - O Banco Central Europeu elevou os custos de empréstimos para o nível mais alto em 22 anos nesta quinta-feira e deixou a porta aberta para mais aumentos, ampliando sua luta contra a inflação elevada mesmo quando a economia da zona do euro enfraquece.
O BCE elevou sua principal taxa de juros - aquela que os bancos pagam para deixar dinheiro com segurança no banco central - pela oitava vez consecutiva, em 25 pontos-base, para 3,5%, o nível mais alto desde 2001.
"As taxas de juros serão levadas para níveis suficientemente restritivos para alcançar o retorno da inflação à meta de 2% no médio prazo, e elas serão mantidas nesses níveis pelo tempo que for necessário", disse a presidente do BCE, Christine Lagarde, em entrevista à imprensa após a decisão.
O banco central dos 20 países que compartilham o euro também disse que projeta que a inflação ficará acima de sua meta de 2% até 2025 e sugeriu de novo mais altas nos próximos meses.
O BCE elevou suas projeções do núcleo da inflação, que exclui números voláteis de energia e alimentos, medida que o banco acompanha de perto, para 2023 e 2024.
Lagarde disse que os aumentos salariais e a elevação de preços pelas empresas para melhorar seus lucros estão se tornando um importante motor da inflação.
"A inflação tem diminuído, mas está projetada em nível muito alto, por tempo demais", disse ela.
Na quarta-feira, o Federal Reserve interrompeu uma série de 10 aumentos sucessivos de juros - um sinal poderoso para investidores de todo o mundo de que o atual ciclo de aperto nas economias desenvolvidas está chegando ao fim, mesmo que mais algumas altas de juros nos EUA ainda sejam possíveis.
A inflação na zona do euro vem se moderando há meses, graças a preços mais baixos de energia e ao forte aumento dos juros pelo BCE. Mas em 6,1% ainda é inaceitavelmente alta para a autoridade monetária e o aumento dos preços subjacentes está apenas começando a desacelerar.
Por sua vez, o crescimento na zona do euro está, na melhor das hipóteses, estagnando.
As revisões para cima nas estimativas de inflação para este ano, para o próximo e para 2025, quando ainda deve ficar acima da meta do banco central, em 2,2% - surpreendeu economistas.
Os rendimentos dos títulos governamentais da zona do euro e o euro subiam, com os operadores apostando em juros mais altos.
"A não ser por uma mudança material no nosso cenário básico, é bem provável que continuemos a aumentar os juros em julho", disse Lagarde. "Não estamos pensando em uma pausa, como podem ver."
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