Dólar tem recuperação com política monetária sob holofotes, mas segue perto de mínimas em mais de 1 ano
Por Luana Maria Benedito
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar tinha recuperação frente ao real nesta terça-feira, embora seguisse próximo de mínimas em mais de um ano, com o foco seguindo sobre a política monetária após um tímido corte de taxas na China e antes da decisão de juros do Banco Central do Brasil e de depoimento do chair do Federal Reserve, Jerome Powell.
Às 9:30 (horário de Brasília), o dólar à vista avançava 0,15%, a 4,7820 reais na venda.
Na B3, às 9:30 (horário de Brasília), o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento.
Os leves ganhos do dólar eram atribuídos em parte a movimento de ajuste técnico, depois que a moeda norte-americana spot encerrou a última sessão em queda de 0,96%, a 4,7749 reais na venda, menor valor de fechamento desde 31 de maio de 2022 (4,7542). O dólar seguia próximo desses patamares nesta terça.
A divisa norte-americana subiu em apenas dois dos pregões completos de junho até agora, acumulando no período baixa de quase 6%, a caminho de marcar sua maior depreciação mensal desde março de 2022 (-7,63%). Depois de movimentos intensos do dólar, é normal haver momentos pontuais de correção no sentido oposto.
A recuperação do dólar também estava em linha com o exterior, onde a moeda subia contra várias divisas emergentes ou sensíveis às commodities, depois que a China frustrou os mercados com um corte de juros menos intenso do que o esperado.
O banco central da segunda maior economia do mundo baixou suas taxas referenciais de empréstimo (LPR, na sigla em inglês) de um ano e cinco anos em 10 pontos-base cada, a primeira redução em dez meses, à medida que as autoridades buscam sustentar uma recuperação em desaceleração.
Limitando ainda mais o apetite por risco global, o mercado se mostrava nervoso antes de depoimento de Powell ao Congresso norte-americano na quarta e na quinta desta semana, depois que comentários recentes mais duros do que o esperado de seus colegas do Fed reduziram esperanças de que o banco central estaria próximo de encerrar seu ciclo de aperto monetário.
"O mau-humor externo e a decepção com China podem limitar o otimismo local", disse o Banco Inter em nota a clientes nesta terça-feira.
No Brasil, o Banco Central inicia nesta terça sua reunião de política monetária, com ampla expectativa de que a Selic será mantida em 13,75% ao anunciar a decisão na quarta. Os investidores buscarão no comunicado pistas sobre a trajetória futura em um momento de visão positiva sobre o Brasil, com chances de a autarquia iniciar um ciclo de afrouxamento dos juros já em agosto.
Embora a moeda brasileira tenda a se beneficiar de juros mais altos, boa parte do mercado acredita que, ainda que o Banco Central comece o processo de cortes da Selic no futuro próximo, os juros reais seguirão favoráveis à atração de investimentos, ainda mais num ambiente de arrefecimento da inflação. Isso, por sua vez, tem ajudado a derrubar o dólar para os patamares mais baixos em mais de um ano, bem como uma descompressão de receios fiscais.
O salto recente do real também tem sido atribuído ao desempenho surpreendentemente forte do setor agropecuário na primeira metade deste ano, que, segundo especialistas, tem alimentado o fluxo comercial para o país.
"Não há precedentes para a transformação da balança comercial do Brasil em superavitária. Também não é o caso de essa mudança ser devida a uma colheita 'sortuda'. Afinal, isso esteve em andamento pela última década. O real se tornará a moeda âncora para a América Latina", escreveu Robin Brooks, economista-chefe do Instituto de Finanças Internacionais (IIF, na sigla em inglês), que há tempos enxerga o valor "justo" do real --condizente com os fundamentos do Brasil-- como 4,50 por dólar.
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