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Bancos centrais globais registram perdas de reservas em 2022 e não veem recuperação rápida, aponta pesquisa

27/06/2023 11h00

Por Gertrude Chavez-Dreyfuss

NOVA YORK (Reuters) - Os bancos centrais globais sofreram perdas no gerenciamento de suas reservas no ano passado em meio a alocações pesadas de títulos que sofreram um grande golpe em 2022 após um aperto monetário agressivo em todo o mundo, de acordo com uma pesquisa de um grupo de especialistas.

Cerca de 40% dos gestores de reserva entrevistados disseram que levarão de um a dois anos para recuperar as perdas de 2022, enquanto quase um quarto acredita que a recuperação levará de dois a cinco anos.

O Fórum Oficial de Instituições Monetárias e Financeiras (OMFIF, na sigla em inglês), uma organização que acompanha os bancos centrais e a política econômica, entrevistou 75 gestores de reservas que supervisionam quase 5 trilhões de dólares em ativos, ou cerca de um terço do total de reservas globais atualmente estimadas em 15 trilhões. As reservas atuais caíram de um pico de 15,7 trilhões no final de 2021.

As intervenções cambiais no ano passado pelas autoridades monetárias para sustentar suas unidades financeiras contra o ressurgimento do dólar também contribuíram para perdas de carteira nas reservas do banco central, segundo a pesquisa.

"Se você olhar de uma perspectiva de 12 meses, de março de 2022 a março de 2023, eles (bancos centrais) caíram cerca de 4% em termos de reservas totais", disse Nikhil Sanghani, chefe de pesquisa da OMFIF, em entrevista à Reuters.

“Esse é o efeito da intervenção e o resto seriam perdas de mercado, assumimos, nas carteiras de renda fixa”, acrescentou, observando que cerca de 40% de suas carteiras estão em títulos do governo.

"As perdas nas reservas são uma situação atípica por causa da forte alta dos juros", disse Sanghani. "Falando de modo geral, nos últimos cinco a 10 anos, os gerentes de reservas do banco central se saíram muito bem por causa do ambiente de baixas taxas de juros."

No entanto, apesar das perdas incorridas com as participações em títulos, os gerentes de reservas planejam aumentar a alocação para esse mercado, juntamente com o ouro, nos próximos dois anos, tornando-se avessos ao risco devido às preocupações com uma desaceleração global, mostrou a pesquisa.

A pesquisa também mostrou que 32% dos gestores de reservas planejam aumentar a alocação para títulos nos próximos dois anos, em comparação com 5% em 2021 e 10% em 2022.

O medo da estagflação, um cenário caracterizado por alta inflação, crescimento lento e desemprego, está levando esse medo à segurança, disse o OMFIF. Cerca de 38% dos gestores de reservas esperam uma recessão global nos próximos 12 meses.