Lula elogia presidente eleito do Paraguai e quer vizinho como parceiro privilegiado do Brasil

(Reuters) - O presidente Luiz Inácio Lula da Silva elogiou nesta segunda-feira o presidente eleito do Paraguai, Santiago Peña, que tomará posse na terça, e afirmou querer que o país vizinho seja um "parceiro privilegiado" do Brasil.

Lula, que nesta segunda viajará a Assunção para a posse de Peña, com quem se reuniu recentemente durante encontro do Mercosul, disse durante sua live semanal que o futuro presidente paraguaio é um jovem inteligente e que o Brasil quer paz com o Paraguai, país com quem travou uma guerra no Século 19.

"É um novo presidente, é um jovem que tem a cabeça, me parece, muito inteligente, é um jovem que tem preocupação na relação com o Brasil. O Brasil tem que entender o Paraguai assim: o Brasil tem que crescer, mas os seus vizinhos também precisam crescer. O Brasil precisa criar oportunidades para que seus países vizinhos precisam crescer", disse Lula.

"É um país vizinho com o qual nós queremos ter paz. Aliás, o último conflito do Brasil foi a Guerra do Paraguai que nós nunca mais queremos repeti-la. Agora a nossa guerra é de paz, é trabalhar juntos, é ter investimentos nos dois países, é construir as coisas que sejam positivas para nós... é fazer com que o Paraguai seja um parceiro privilegiado na relação com o Brasil", acrescentou.

Travada entre 1864 e 1870, a Guerra do Paraguai colocou de um lado as tropas paraguaias e de outro uma aliança formada por Brasil, Argentina e Uruguai e resultou na destruição do Paraguai e na perda de territórios para Brasil e Argentina.

Atualmente Brasil e Paraguai são sócios na usina hidrelétrica de Itaipu e o país vizinho abriga a terceira maior comunidade de brasileiros vivendo no exterior.

Peña, de 44 anos, foi eleito com uma margem folgada na eleição realizada em abril. Ele é economista e ex-diretor do banco central daquele país.

Na live, Lula também comentou sobre a viagem que fará neste mês à África do Sul para a cúpula dos Brics -- grupo formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul -- e defendeu a necessidade de usar o encontro para discutir o fim da guerra da Ucrânia, invadida pela Rússia em fevereiro de 2022.

"Nos Brics nós vamos discutir a questão da desigualdade, temos que discutir a questão da paz. Não é possível que a gente não discuta, não é possível que não haja um momento em que Rússia e Ucrânia sentem para conversar e parem de se matar", disse.

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"É preciso encontrar um caminho. Qual é o ponto, qual é o denominador comum para a gente poder parar essa guerra? Possivelmente só os dois tenham, e quando os dois tiverem a humildade e quiserem conversar, vai se encontrar uma solução. Por enquanto os dois acham que vão ganhar a guerra."

Lula, que foi criticado por potências ocidentais por afirmar que a Ucrânia também é responsável pela guerra e por dizer que o envio de armas ocidentais ao país contribui para o conflito, também repetiu várias vezes a condenação brasileira à invasão russa do território ucraniano e tem defendido que um grupo de países em envolvimento no conflito medie negociações de paz.

(Por Eduardo Simões, em São Paulo)

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