Americanas dispara após divulgar balanços de 2021 e 2022

Por Paula Arend Laier

SÃO PAULO (Reuters) - As ações da Americanas dispararam mais de 11% nesta quinta-feira, mesmo após a varejista, que registrou um dos maiores pedidos de recuperação judicial da história do Brasil no começo do ano, reportar prejuízos bilionários em 2021 e 2022, depois da revisão de balanços.

O lucro líquido de 544 milhões de reais anteriormente divulgado para 2021 mudou para prejuízo de 6,2 bilhões de reais, enquanto 2022 terminou com prejuízo de 12,9 bilhões de reais. O Ebitda de 2021 passou de 2,1 bilhões de reais positivos a 3,4 bilhões negativos e o de 2022 ficou negativo em 6,2 bilhões de reais.

A Americanas também informou nesta quinta-feira que terminou 2022 com dívida líquida de 26,3 bilhões de reais, crescimento de mais de 12 bilhões comparado com 2021, e patrimônio líquido negativo de 26,7 bilhões de reais.

Ainda assim, por volta de 13:00, os papéis da companhia valorizavam-se 6,25%, a 0,85 real, tendo chegado a 0,89 real no melhor momento (+11,25%). Antes do escândalo contábil que a fez pedir recuperação judicial, as ações da companhia eram negociadas ao redor de 12 reais.

"Nós vemos que essa valorização é resultado das expectativas do mercado com o plano de reestruturação", avaliou o analistas Luis Novaes, da Terra Investimentos. "Alguns investidores podem estar vendo potencial na empresa, considerando seu atual patamar de preço e assim decidem entrar nesse investimento arriscado."

Ele ressaltou, contudo, que ainda há muitas incertezas para projetar qualquer recuperação da companhia e, mesmo no nível atual em que o ativo é negociado, enxerga um investimento na empresa como arriscado.

A divulgação dos balanços é importante para que os principais credores da Americanas -- que incluem bancos como Bradesco, Banco do Brasil, BTG Pactual, Itaú Unibanco e Santander Brasil -- possam dar andamento às discussões para aprovação do plano de recuperação judicial da companhia.

E foi considerando a aprovação desse plano que a companhia também divulgou previsões para 2025, incluindo Ebitda de mais de 2,2 bilhões de reais, com uma alavancagem medida pela relação dívida líquida/Ebitda menor de 0,75 vez.

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A empresa também estimou voltar a patrimônio líquido positivo até o final de 2025, mas considerando um desconto de 5 bilhões de reais nas dívidas que vêm negociando, conforme explicou a diretora financeira da Americanas, Camille Faria, em teleconferência sobre os números.

Na visão do estrategista Filipe Villegas, da Genial Investimentos, a divulgação dos dados "acaba, entre aspas, sendo 'positivo'", pois o mercado consegue fazer conta.

"Por mais que isso aqui tenha sido péssimo, muito ruim, eu vejo que o mercado, se quiser, pode olhar o copo meio cheio no sentido de que eu já sei o tamanho do buraco, já sei o tamanho do prejuízo e agora, daqui para a frente, qual é o tamanho do desafio", afirmou.

(Por Paula Arend Laier, Gabriel Araujo e Alberto Alerigi Jr.)

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