Taxas futuras de juros caem com dados de emprego nos EUA e reafirmação de meta fiscal zero em 2024
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs deram continuidade nesta quinta-feira ao movimento mais recente de queda, em sintonia com o fechamento da curva de juros nos Estados Unidos, depois da divulgação de novos dados do mercado de trabalho, e com a indicação de que o governo Lula manterá a meta de resultado primário zero para 2024.
Nas últimas dez sessões, as taxas futuras de juros caíram em sete delas, ficaram perto da estabilidade em duas e subiram em apenas uma.
Neste retorno do feriado no Brasil, os DIs (Depósitos Interfinanceiros) seguiram reagindo aos dados mais recentes sobre a economia norte-americana. Na terça-feira, as taxas futuras já haviam despencado após o Departamento do Trabalho divulgar números favoráveis sobre a inflação dos EUA.
Na quarta-feira, o Departamento do Comércio informou que as vendas no varejo caíram 0,1% em outubro, ante alta de 0,9% em setembro.
Já o Departamento do Trabalho informou, também na quarta-feira, que o índice de preços ao produtor para a demanda final (PPI, na sigla em inglês) caiu 0,5% em outubro, na maior queda desde abril de 2020.
Nesta quinta-feira, o Departamento do Trabalho relevou que os pedidos iniciais de auxílio-desemprego aumentaram em 13.000 na semana encerrada em 11 de novembro, para 231.000 em dado com ajuste sazonal. Economistas consultados pela Reuters previam 220.000 pedidos para a última semana.
Os números reforçaram a avaliação de que o Federal Reserve tende a manter sua taxa de juros na faixa de 5,25% a 5,50% no curto prazo, podendo ter espaço para iniciar o processo de cortes em 2024 mais cedo do que se imaginava.
“Algumas notícias fizeram não só o dólar ter um desempenho negativo como também as taxas de juros de longo prazo caírem de maneira acentuada nesta semana”, comentou Eduardo Moutinho, analista de mercado da Ebury.
Segundo ele, isso se repetiu nesta quinta-feira, com reflexos sobre as taxas dos DIs no Brasil.
Internamente, o noticiário também trouxe certo alívio às preocupações com o equilíbrio fiscal, o que favoreceu a redução de prêmios na curva a termo.
O secretário de Política Econômica do Ministério da Fazenda, Guilherme Mello, afirmou no fim da manhã que a equipe econômica mantém o objetivo trazer o déficit primário para patamar próximo de zero em 2024.
Já o relator da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO), deputado Danilo Forte (União-CE), disse que seu relatório trará meta de déficit primário zero em 2024 e que o governo mantém este objetivo para o ano que vem.
Apesar das sinalizações sobre a manutenção da meta, o economista-chefe da Azimut Brasil Wealth Management, Gino Olivares, avaliou em comentário enviado a clientes que o governo “tem pouca disposição para controlar as despesas, mas dificilmente escapará de fazer algum grau de contingenciamento, sob risco de desmoralizar completamente o arcabouço que ele mesmo promoveu”.
Mesmo com as quedas mais recentes, a curva a termo segue precificando cortes de apenas 0,50 ponto percentual da taxa básica Selic nos próximos dois encontros de política monetária do Banco Central, em dezembro e janeiro, como vem sendo sinalizado pela própria autarquia.
Perto do fechamento a curva a termo precificava em 97% as chances de o corte da Selic em dezembro ser de 0,50 ponto percentual. Já as chances de corte de apenas 0,25 ponto percentual eram precificadas em 3%. Atualmente, a Selic está em 12,25% ao ano.
No fim da tarde a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,5%, ante 10,546% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 10,21%, ante 10,278% do ajuste anterior.
Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,34%, ante 10,411%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,59%, ante 10,649%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,97%, ante 11,019%.
Às 16:39 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 9,40 pontos-base, a 4,4433%.
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