Superávit comercial brasileiro salta 60% e marca recorde de US$98,8 bi em 2023, com queda de importações

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - O Brasil encerrou 2023 com um resultado recorde para a balança comercial, de quase 100 bilhões de dólares, conforme dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex) divulgados nesta sexta-feira, em saldo impulsionado por exportações recordes e por uma queda importante das importações.

A balança comercial acumulou superávit de 98,838 bilhões de dólares no ano, resultado de exportações de 339,673 bilhões de dólares e importações de 240,835 bilhões de dólares.

Além de recorde na série histórica da secretaria, o saldo comercial cresceu 60,6% em relação aos 61,525 bilhões de dólares registrados em 2022, até então o melhor resultado obtido.

As exportações em 2023 também foram recordes, mas com uma variação de apenas 1,7% em relação ao resultado do ano anterior. Já as importações caíram 11,7% em relação ao verificado em 2022.

De acordo com a secretária de Comércio Exterior, Tatiana Prazeres, o Brasil ultrapassou pela primeira vez na história a marca de 100 bilhões de dólares exportados em um ano para um único parceiro -- a China. Conforme os dados, o Brasil exportou para o gigante asiático o equivalente a 105,8 bilhões de dólares em 2023.

Já a queda das importações em 2023 foi causada sobretudo pelo recuo nos preços de produtos comprados pelo Brasil nos mercados internacionais, disse Prazeres, que destacou o caso dos preços dos adubos e fertilizantes importados pelo país, que cederam 44,9% no ano passado.

O saldo comercial de 2023 ficou acima das projeções do governo. A Secex, que está ligada ao Ministério do Desenvolvimento, Indústria e Comércio (MDIC), projetava superávit de 93 bilhões de dólares para o saldo anual, em estimativa informada em outubro, com exportações de 334,2 bilhões de dólares e importações de 241,1 bilhões de dólares.

Para 2024, o governo projeta um recuo de 4,5% no saldo comercial, para 94,4 bilhões de dólares, segundo estimativa divulgada nesta sexta-feira.

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A projeção da Secex é de que as exportações brasileiras este ano atinjam 348,2 bilhões de dólares, um valor 2,5% superior ao visto em 2023, enquanto as importações devem somar 253,8 bilhões de dólares, 5,4% acima do visto no ano passado.

Como mostrou a Reuters, analistas também projetam uma alta das importações do ano, embalada por uma recuperação dos investimentos e meio ao ciclo de queda dos juros e de um maior ímpeto do setor privado na esteira dos investimentos públicos já sinalizados pelo governo para obras de infraestrutura.

Durante a coletiva de imprensa, o vice-presidente Geraldo Alckmin, que também é ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços, destacou que a expectativa do governo é de que as exportações sigam crescendo em 2024 e batam um novo recorde.

Alckmin pontuou que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem visitado os principais mercados do mundo e que há um esforço do governo na área comercial.

"As viagens de Lula ajudam muito. O comércio é fundamental para a economia", disse o vice-presidente, citando a relação do Brasil com países fronteiriços, com Argentina e Uruguai. "Precisamos fortalecer o comércio regional, que é para onde vendemos produtos com maior valor agregado", acrescentou.

Alckmin destacou ainda que o país registrou um número recorde de exportadores em 2023, em um total de 28,5 mil empresas -- alta de 2% em relação ao ano anterior.

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Ao tratar da projeção de aumento de 2,5% para as vendas a outros países este ano, Prazeres afirmou que "a perspectiva da economia internacional ainda é desafiadora, mas ainda assim nossa previsão é de aumento das exportações em 2024".

A secretária disse, no entanto, que fatores climáticos como o fenômeno El Niño podem levar o governo a alterar suas projeções para a safra e para a própria balança comercial.

DEZEMBRO

Os dados da Secex mostraram ainda que o saldo comercial acumulado em dezembro foi de 9,360 bilhões de dólares. O desempenho foi resultado de exportações de 28,839 bilhões de dólares, contra importações de 19,479 bilhões de dólares.

Pesquisa da Reuters com economistas apontava expectativa de saldo positivo de 7,800 bilhões de dólares para o período.

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