Taxas futuras de juros fecham em leve alta após reagirem a dados de emprego e serviços dos EUA

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a sexta-feira em leve alta no Brasil, em sintonia com o avanço dos rendimentos dos Treasuries no fim do dia, após os mercados terem reagido aos dados do mercado de trabalho e do setor de serviços dos EUA.

Pela manhã, o Departamento do Trabalho norte-americano divulgou os números do relatório payroll, bastante aguardados pelos investidores. Eles revelaram a criação de 216.000 vagas de emprego em dezembro nos EUA, bem acima das 170.000 vagas projetadas por economistas consultados pela Reuters.

Já os dados de novembro foram revisados para baixo, mostrando a criação de 173.000 postos de trabalho, em vez dos 199.000 informados anteriormente.

Os números do payroll impulsionaram os rendimentos dos Treasuries, em meio à percepção de que o mercado de trabalho aquecido ainda é uma preocupação para o controle inflacionário, o que pode levar o Federal Reserve a não iniciar o ciclo de corte de juros já em março, como vem sendo majoritariamente precificado.

No Brasil, esta leitura também deu força às taxas dos DIs (Depósitos Interfinanceiros), que atingiram os picos da sessão em alguns vencimentos logo após o payroll. A taxa do contrato para janeiro de 2027 chegou a subir quase 10 pontos-base.

O cenário mudou após o Instituto de Gestão do Fornecimento (ISM, na sigla em inglês) informar, às 12h, que seu PMI de serviços caiu para 50,6 no mês passado, a menor leitura desde maio e ante 52,7 em novembro. Economistas consultados pela Reuters previam que o índice ficaria em 52,6. Uma leitura acima de 50 indica crescimento no setor de serviços, que responde por mais de dois terços da economia.

Bastante observada, a medida de emprego do setor de serviços da pesquisa ISM caiu para 43,3 no mês passado, o nível mais baixo desde julho de 2020. O índice estava em 50,7 em novembro.

“O ISM do emprego de serviços veio abaixo do nível de 50, mostrando contração do número de contratações, enquanto a expectativa era que acelerasse”, pontuou Lais Costa, analista da Empiricus Research.

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“Assim, a leitura que preponderou é que o mercado de trabalho, apesar do payroll, de certo modo está afrouxando e que, em algum momento, vai favorecer o corte de juros”, acrescentou.

Após os dados do ISM, os rendimentos dos Treasuries passaram a cair, o que também pesou sobre as taxas dos contratos futuros de juros no Brasil. Na mínima do dia, depois dos números do setor de serviços nos EUA, a taxa do contrato para janeiro de 2027 chegou a ceder 5 pontos-base.

No restante da tarde, porém, as taxas dos DIs voltaram a apresentar leves ganhos, em um movimento de ajuste técnico após a queda do início da tarde. Os rendimentos dos Treasuries também subiam.

No fim da tarde desta sexta-feira a taxa do DI para janeiro de 2025 estava em 10,065%, ante 10,05% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,68%, ante 9,679% do ajuste anterior. A taxa para janeiro de 2027 estava em 9,805%, ante 9,8%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,045%, ante 10,037%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 10,46%, ante 10,431%.

Perto do fechamento a curva a termo precificava 99% de chances de o corte da taxa básica Selic no fim de janeiro ser de 0,50 ponto percentual, como vem sinalizando o BC. Atualmente, a Selic está em 11,75% ao ano.

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Às 17:00 (de Brasília), o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 5,10 pontos-base, a 4,0419%.

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