Produção industrial e vendas no varejo da China superam expectativas em janeiro-fevereiro
Por Ellen Zhang e Joe Cash
PEQUIM (Reuters) - A produção industrial e as vendas no varejo da China superaram as expectativas no período de janeiro a fevereiro, marcando um início sólido para 2024 e oferecendo algum alívio às autoridades mesmo com a fraqueza do setor imobiliário ainda sendo um entrave para a economia e a confiança.
Os dados divulgados nesta segunda-feira se juntam aos recentes indicadores de exportações e inflação ao consumidor melhores do que o esperado, proporcionando um impulso inicial às expectativas de Pequim de atingir o que os analistas descreveram como uma ambiciosa meta de crescimento do PIB de 5,0% para este ano.
"Os dados de atividade da China se estabilizaram de forma geral no início do ano. Mas ainda há razões para pensar que parte da força pode ser pontual", disse Louise Loo, economista da China na Oxford Economics.
A produção industrial aumentou 7,0% nos dois primeiros meses do ano na comparação com o mesmo período do ano anterior, segundo dados divulgados pela Agência Nacional de Estatísticas, acima das expectativas de um aumento de 5,0% em pesquisa da Reuters com analistas e mais rápido do que o crescimento de 6,8% observado em dezembro. Esse também foi o crescimento mais forte em quase dois anos.
As vendas no varejo, um indicador do consumo, aumentaram 5,5%, desacelerando em relação à alta de 7,4% em dezembro mas superando o ganho esperado de 5,2%.
O feriado de oito dias do Ano Novo Lunar, em fevereiro, registrou um sólido retorno das viagens, o que sustentou a receita dos setores de turismo e hospitalidade. Isso também levou a um crescimento de 3% na produção das refinarias de petróleo para atender à forte demanda por combustíveis para transporte.
A agência de estatísticas publica dados combinados da produção industrial e das vendas no varejo de janeiro e fevereiro para suavizar as distorções causadas pela data em que cai o Ano Novo Lunar.
"Os consumidores foram temporariamente estimulados pelos gastos relacionados às festividades neste início de ano. Na ausência de um estímulo decisivo relacionado ao consumo este ano, acreditamos que será difícil sustentar um ritmo robusto de gastos do consumidor este ano", disse Loo, da Oxford.
Os comentários cautelosos de Loo refletem um consenso mais amplo entre os observadores da China de que Pequim tem muito trabalho pela frente para atingir sua meta de crescimento econômico para 2024 de "cerca de 5,0%". Embora a meta seja semelhante à de 2023, analistas observam que o ano passado teve um efeito de base menor devido às restrições impostas pela Covid em 2022.
Mas uma crise prolongada no setor imobiliário, um pilar fundamental da economia, continua sendo uma grande preocupação para as autoridades, consumidores e investidores.
Os dados desta segunda-feira ofereceram pouco alívio nessa frente, com os declínios nos investimentos em imóveis diminuindo em janeiro-fevereiro, mas ainda longe dos níveis que permitiriam alcançar a estabilidade.
A fragilidade do setor foi destacada pela demanda fraca. As vendas de propriedades por área útil registraram queda de 20,5% em janeiro-fevereiro sobre o ano anterior, contra queda de 23,0% em dezembro do ano passado.
(Reportagem adicional de Albee Zhang)
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