Haddad rebate discurso do BC e afirma não ver muita incerteza no horizonte
Por Bernardo Caram
BRASÍLIA (Reuters) - O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou que não vê muita incerteza no horizonte de curto prazo para a atuação da política monetária, rebatendo alerta feito nos últimos dias pelo Banco Central ao endurecer o tom de seus comunicados.
Em entrevista à CNN Brasil gravada na terça-feira e exibida nesta quarta-feira, Haddad disse que com os prováveis movimentos de redução de juros nos Estados Unidos e na Europa neste ano, o BC brasileiro não vai conseguir segurar a taxa básica em patamar elevado.
“Eu não vejo muita incerteza no horizonte de curto prazo, penso que, sobretudo do ponto de vista internacional, a partir do meio do ano, podemos ter boas notícias”, disse.
Em reunião na semana passada, o Comitê de Política Monetária (Copom) anunciou redução de 0,50 ponto percentual na taxa Selic, a 10,75% ao ano, e encurtou sua indicação sobre cortes futuros ao citar uma ampliação de incertezas, afirmando que sua diretoria antevê corte na mesma intensidade apenas na próxima reunião.
A ata do encontro mostrou que parte da diretoria do BC avalia que pode ser necessária uma redução no ritmo de cortes dos juros básicos caso as incertezas se mantenham elevadas à frente.
Para Haddad, o ciclo internacional será favorável ao Brasil e a inflação doméstica não apresenta comportamento negativo.
“Superando essa questão dos alimentos com a entrada da safra, vamos ter bons números de inflação nos próximos meses. Não vejo nos núcleos (de inflação) muita preocupação, sobretudo serviços, continua convergindo”, afirmou.
PETROBRAS
Na entrevista, Haddad ainda afirmou que o governo está atuando para estimular investimentos em transformação verde na Petrobras, ressaltando que não entende isso como uma intervenção do Executivo na companhia.
O ministro enfatizou que é direito do controlador da petroleira fomentar um caminho para a transição ecológica.
Após a companhia reter dividendos extraordinários que poderiam ser destinados aos acionistas, decisão que partiu do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Haddad afirmou que a análise sobre o tema é técnica.
"Havia uma questão apontada, dependendo do volume de dividendos poderia comprometer o plano de investimento da empresa. Isso está sendo discutido agora pela área técnica e pela diretoria... É uma solução que virá técnica", afirmou.
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