Taxas futuras de juros no Brasil têm queda firme antes de novo dado de inflação nos EUA

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs fecharam a terça-feira em queda firme no Brasil, de 9 pontos-base em alguns vencimentos, em sintonia com o recuo dos rendimentos dos Treasuries no exterior, onde os títulos passaram por um dia de correções antes da divulgação, na quarta-feira, de novos dados de inflação dos EUA.

No fim da tarde a taxa do DI (Depósito Interfinanceiro) para janeiro de 2025 estava em 9,94%, ante 9,978% do ajuste anterior, enquanto a taxa do DI para janeiro de 2026 estava em 9,975%, ante 10,066% do ajuste anterior.

Já a taxa para janeiro de 2027 estava em 10,295%, ante 10,389%, enquanto a taxa para janeiro de 2028 estava em 10,615%, ante 10,709%. O contrato para janeiro de 2031 marcava 11,12%, ante 11,186%.

Na segunda-feira as taxas dos DIs já haviam passado por ajustes de baixa, após as fortes altas registradas na semana passada, quando dados da economia norte-americana elevaram as apostas de que o Federal Reserve começará a cortar juros apenas em julho ou depois disso.

O movimento de ajuste continuou nesta terça-feira, desta vez com o auxílio do exterior, onde os yields também recuavam desde cedo.

“O fechamento da curva de juros no Brasil hoje é reflexo da queda das (taxas dos) Treasuries, no que me parece ser um movimento de correção, porque a agenda do dia está esvaziada, mas vínhamos com os títulos norte-americanos bem pressionados”, avaliou Rafael Sueishi, head de renda fixa da Manchester Investimentos.

Segundo ele, investidores também operavam no exterior tendo como horizonte a divulgação do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) dos EUA, na quarta-feira. Se na segunda os yields foram impulsionados, nesta terça os agentes reduziram prêmios na curva para esperar os números.

No Brasil, participantes do mercado também seguiam atentos ao noticiário sobre possível mudança na meta fiscal para 2025. O governo tem até o dia 15 para encaminhar ao Congresso o projeto de Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO) do próximo ano.

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Na segunda-feira, informações de que a meta pode cair de superávit primário de 0,5% do Produto Interno Bruto (PIB) para um saldo de 0% a 0,25% do PIB foram bem digeridas na curva de juros, em meio à leitura de que as projeções atuais já indicam dificuldades para o governo atingir um resultado positivo.

Alguns profissionais, no entanto, criticam a possibilidade de mudança na LDO.

“As metas fiscais estabelecidas já não eram suficientes para estabilizar a relação dívida/PIB. Por óbvio, revisar para baixo essas metas só piora a situação”, defendeu Gino Olivares, economista-chefe da Azimut Brasil WM, em comentário enviado a clientes.

“Adicionalmente, mudanças de metas legitimam as expectativas de que elas possam ser mudadas novamente, reduzindo qualquer potencial ganho de credibilidade e reputação que porventura o novo arcabouço fiscal pudesse ter obtido.”

Perto do fechamento desta terça-feira a curva a termo brasileira precificava 78% de chances de o corte da taxa básica Selic em maio ser de 50 pontos-base, como vem sinalizando o Banco Central. As apostas em corte de apenas 25 pontos-base estão em 22%. Atualmente a Selic está em 10,75% ao ano.

Pela manhã, sem efeitos maiores na curva de juros, a Fundação Getulio Vargas (FGV) informou o Índice Geral de Preços-Mercado (IGP-M) recuou 0,47% em março, desacelerando ligeiramente a deflação após recuo de 0,52% em fevereiro. A queda foi mais intensa que a prevista em pesquisa da Reuters com economistas, que apontava baixa de apenas 0,22%.

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Às 16h36, o rendimento do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- caía 6 pontos-base, a 4,366%.

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