Câmbio e alta no custo de placa comprada devem fazer Usiminas subir preços de aço, diz executivo

SÃO PAULO (Reuters) -A Usiminas terá que elevar preços de aço no Brasil nos próximos meses como forma de compensar a desvalorização do real contra o dólar e o aumento do custo de placas que compra para laminar em Cubatão (SP), afirmou o vice-presidente comercial da companhia, Miguel Camejo, nesta terça-feira.

"A depreciação tem efeito forte e tem o aumento (nos preços internacionais) das placas. Existe, sim, possibilidade de a gente ajustar preços nos próximos meses em função da pressão de custos que estamos vendo agora", disse Camejo em conferência com analistas, após a publicação dos resultados de primeiro trimestre da companhia mais cedo.

O executivo afirmou que um terço das vendas da Usiminas tem origem nas placas laminadas em Cubatão.

As ações da Usiminas despencavam cerca de 11% às 12h19 (horário de Brasília) em meio a decepção do mercado com as perspectivas apresentadas pela empresa, que mostrou forte queda no lucro líquido do primeiro trimestre, para 36 milhões de reais.

Quanto aos custos, o vice-presidente financeiro, Thiago Rodrigues, afirmou que a Usiminas espera ter um custo total de produção de aço no segundo trimestre perto da estabilidade ante os três primeiros meses do ano, apesar da melhora de produtividade que a empresa vem conseguindo após a reforma geral do alto forno 3 de sua usina em Ipatinga (MG).

Segundo Rodrigues, apesar do alto forno 3 estar permitindo uma redução nos custos de produção de aço da empresa, a operação da Usiminas em Cubatão (SP) deve compensar este efeito no segundo trimestre por causa do custo de placa de Cubatão, além da depreciação do câmbio.

"Ainda estamos com expectativa de redução de custo na produção de aço, mas a taxa de câmbio e maiores preços de placas adquiridas...tendem a manter o CPV por tonelada estável", disse Rodrigues.

O executivo explicou que, diante do tempo que leva desde a compra das placas até a entrega para laminação em Cubatão, o efeito do aumento no preço do material "deve transitar pelo resultado" no segundo trimestre.

Analistas da XP afirmaram esperar que as margens da Usiminas continuem pressionadas em um futuro próximo. "Além disso,...sem visibilidade dos aumentos de preços de aço, vemos espaço limitado para melhorias significativas no fluxo de caixa livre ao longo de 2024", acrescentaram.

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Em abril, a Usiminas acertou contratos de preços de aço vendido a montadoras de veículos em condições similares às acertadas em janeiro com o setor, que implicaram em redução de cerca de 12% sobre os valores de um ano antes.

Mas Rodrigues afirmou que, apesar dessa redução, a empresa está "vendo possibilidade de manter receita líquida por tonelada estável". A companhia também espera estabilidade de vendas de aço e minério de ferro no segundo trimestre, segundo os executivos.

Em mineração, a Usiminas ainda não tomou decisão final sobre projeto bilionário de investimento para a expansão de capacidade de suas operações Minas Gerais. O chamado "Projeto Compactos", em que a empresa terá que extrair minério de ferro de camadas mais profundas de suas minas, é tratado pela gestão da companhia há anos.

Questionado sobre atualização do valor a ser investido, Rodrigues afirmou que "uma referência" seria o valor de cerca de 1,5 bilhão de dólares.

Antes, a empresa aguarda para meados de 2025 a obtenção de licença ambiental para o projeto, disse o executivo. "Após a aprovação deveremos estar prontos para tomar a decisão" sobre o investimento.

(Por Alberto Alerigi Jr.Edição de Paula Arend Laier)

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