Vale não vê impactos de eventual acordo da BHP com Anglo American para Minas-Rio

Por Marta Nogueira

RIO DE JANEIRO (Reuters) - A mineradora Vale ainda está observando atentamente o anúncio de uma oferta da rival BHP pela Anglo American, mas não vê impacto em acordo para projeto Minas-Rio, da Anglo, onde a Vale pode ter participação, afirmou nesta quinta-feira o CEO, Eduardo Bartolomeo.

O grupo BHP fez uma oferta de 38,8 bilhões de dólares pela Anglo American na véspera oferecendo um acordo para criar a maior mineradora de cobre do mundo e fazendo com que as ações de sua rival subissem 13%.

"A gente não vê nenhum impacto no negócio do Minas-Rio. Está sendo feito, claro, pela Anglo, e será respeitado por quem vier depois, se vier depois", afirmou o CEO, durante conferência com analistas de mercado sobre os resultados no primeiro trimestre.

Ele pontuou que o acordo da Vale sobre o Minas-Rio já foi encaminhado e "está protegido".

A Vale anunciou em fevereiro um acordo com a Anglo American para adquirir 15% de participação no complexo Minas-Rio e estabelecer uma parceria no ativo, em operação que contará com recursos de minério de ferro da companhia brasileira do depósito de Serra da Serpentina.

Na ocasião, a Vale informou que a conclusão do negócio ocorreria no quarto trimestre deste ano.

Questionado por um analista sobre eventual interesse em outros ativos da Anglo, Bartolomeo disse que a Vale "claramente" teria interesse, mas que tem "melhores opções dentro de casa para observar e até mais baratas".

"Os outros ativos estamos esperando pra ver o que vai acontecer, agora nesse ínterim estamos muito mais interessados em acelerar e executar as nossas reservas, os nossos projetos", afirmou o adicionou.

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RELAÇÕES COM GOVERNO

Bartolomeo também afirmou que a empresa busca uma relação "mais estável" com o governo federal enquanto negocia para chegar a um acordo sobre uma renovação antecipada das concessões das ferrovias Estrada de Ferro Vitória-Minas e Estrada de Ferro Carajás, cujos termos são questionados pela União.

"Não é especificamente um problema da Vale", ponderou Bartolomeo.

"Estamos positivos de que temos um contrato robusto ali. Agora, a gente vai aproveitar a oportunidade para ajustar algumas especificações e chegar a uma situação boa com o governo para resolver essa questão..., tendo uma relação mais estável com o governo que é o que nós queremos e que sempre tivemos."

Bartolomeo vem enfrentando certa resistência do governo federal, que tentou recentemente influenciar na indicação de um novo CEO.

O executivo terminou por ter seu mandato estendido, até que novo nome seja escolhido, cumprindo regras de governança.

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(Por Marta Nogueira)

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