Auren tem lucro 10% maior no 1º tri, vê mais consumidores atrás de contratação de energia

Por Letícia Fucuchima

SÃO PAULO (Reuters) - A geradora renovável Auren fechou o primeiro trimestre com lucro 10% maior, impulsionado por efeito positivo da alta de preços de energia sobre os contratos de sua comercializadora, e aposta em uma tendência ainda positiva para venda de energia a grandes e médios consumidores nos próximos meses, disse à Reuters um executivo da companhia.

A elétrica controlada por Votorantim e CPP Investments divulgou nesta terça-feira um lucro líquido de 253,6 milhões de reais, 10,3% superior ao mesmo período um ano antes, enquanto o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) somou 599,6 milhões de reais, aumento de 32,7%.

Os números foram puxados principalmente pela marcação a mercado em contratos de compra e venda de energia na esteira da alta de preços registrados no mercado livre no início deste ano, quando houve frustração com as chuvas em período importante para o setor elétrico brasileiro.

Excluindo o efeito não caixa da marcação a mercado, o Ebitda ajustado da Auren foi de 360,0 milhões de reais, queda de 9,1% na comparação anual, refletindo desempenhos menos favoráveis tanto da geração hidrelétrica quanto da eólica.

Segundo o vice-presidente financeiro da Auren, Mario Bertoncini, como os preços mostraram reação nos primeiros meses do ano, a companhia aproveitou para vender energia e se beneficiar da tendência.

"A partir de outubro do ano passado, a gente passou a vislumbrar alguma possibilidade de 'secamento' dos mapas hidrológicos. A gente começou a comprar energia e vendemos ao longo do primeiro trimestre, com ganhos bastante importantes".

Ele afirmou ainda que a mudança do cenário de preço da energia levou a uma reação dos consumidores de médio e grande porte principalmente a partir de abril.

"Fevereiro, março, a gente não via clientes no mercado, a gente via mais 'brokers' zerando as suas posições... Clientes, de uma maneira mais consistente, entraram a partir de abril no mercado. Abril foi muito bom, esse início de maio a gente tem cotações importantes de clientes, tanto de grande porte, quanto de médio porte".

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Bertoncini avaliou que os consumidores devem continuar nos próximos meses com compras de energia por prazos mais longos, desde que não haja "solavanco para baixo" dos preços, o que costuma desestimular o apetite de contratação de longo prazo.

"Se os preços de médio e longo prazo, que dão tônica dos contratos de consumo, se mantiverem estáveis, ou até eventualmente um pouco mais para cima, eu acho que a demanda deve continuar nos níveis em que estão".

Em relação a novas oportunidades de crescimento, ele citou avanços na construção do empreendimento de geração solar e eólica Sol de Jaíba (MG), que terá cerca de 620 MW de capacidade e está metade operacional, e afirmou que a companhia deve seguir desenvolvendo novas usinas híbridas, com potencial para pelo menos mais 220 MW.

Ele ressaltou também que a Auren segue avaliando oportunidades de aquisições de ativos de geração e que está preparada e capitalizada para um movimento do tipo. A empresa encerrou o primeiro trimestre com mais de 3 bilhões de reais em caixa e alavancagem financeira de 1,9 vez.

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