ANÁLISE-Eleição britânica em julho traz esperança ao mercado financeiro

Por Sinead Cruise e Huw Jones e Carolyn Cohn

LONDRES (Reuters) - Enquanto os britânicos se preparam para ir às urnas, executivos de Londres esperam que o novo governo preste mais atenção a eles e encerre anos de instabilidade política.

Líderes empresariais da comunidade financeira de Londres aparentam estar mais tranquilos do que de costume com o resultado da eleição de 4 de julho, apesar da perspectiva de que ela levará de volta ao poder um primeiro-ministro do Partido Trabalhista, encerrando 14 anos de governo do Partido Conservador, de centro-direita.

A comunidade financeira enfrentou o antagonismo do ex-premiê conservador Boris Johnson, que antes de ocupar o cargo minimizou as preocupações das empresas com a saída do país da União Europeia.

As relações entre o setor financeiro de Londres e o governo melhoraram desde o Brexit, mas a turbulência política e as incertezas econômicas cobraram um preço de um setor que contribui com 12% das receitas de impostos do país.

O desastroso “mini-orçamento” de Liz Truss, antecessora do atual premiê, Rishi Sunak, em setembro de 2022, que causou uma disparada nos títulos do governo, não foi esquecido.

“É animador que o valor imenso da 'City' na economia britânica seja reconhecida de forma multipartidária, assim como a necessidade de assegurar proativamente que o Reino Unido mantenha seu status como um dos principais mercados de capitais do mundo”, disse Matthew Ponsonby, chefe de global banking do BNP Paribas no país.

Executivos do mercado financeiro esperam que o novo governo priorize reformas que aumentem a competitividade e atraia maior interesse externo, em um momento no qual Londres enfrenta concorrência global. Outra prioridade é amenizar o gasto previdenciário para utilizá-lo em investimentos de longo prazo.

O líder oposicionista Keir Starmer, muito à frente nas pesquisas de opinião, escolheu, como seus principais auxiliares, alguns políticos que são receptivos aos objetivos do mercado financeiro, disseram executivos e grupos de lobby.

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Um eventual governo trabalhista enfrentará o mesmo problema de finanças públicas da atual administração, e precisará do setor privado para financiar os grandes investimentos necessários para cumprir suas metas quanto à moradia e à transição energética.

“É sobre reconhecer o papel realmente importante que os serviços financeiros exercem sobre a economia”, afirmou Amanda Blanc, CEO da seguradora Aviva.

“Temos um interesse real no sucesso futuro do Reino Unido e nos investimentos de longo prazo. É isso o que queremos: respeito pelos serviços financeiros.”

A ajuda para que investidores institucionais britânicos direcionem maior parte de seus recursos para a infraestrutura e empresas domésticas está no topo da lista de desejo dos executivos para o novo governo.

A Aviva apoiou reformas para retirar as regras Solvency II, da União Europeia, que retardaram os investimentos das seguradoras britânicas em projetos de infraestrutura, como aeroportos e estradas.

Nicholas Lyons, presidente da seguradora britânica Phoenix, afirma que incentivar o uso do dinheiro das aposentadorias na infraestrutura deve ser uma prioridade: “O importante é ter um compromisso positivo para permitir que empresas de serviços financeiros façam o que elas foram criadas para fazer: tomar risco”, afirmou ele à Reuters.

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(Reportagem de Sinead Cruise, Huw Jones e Carolyn Cohn)

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