Compras anteriores de títulos do BCE podem ter atenuado impacto dos aumentos de juros, diz Schnabel

FRANKFURT (Reuters) - As compras maciças de títulos pelo Banco Central Europeu no passado recente podem ter atenuado o impacto de seus aumentos subsequentes das taxas de juros, limitando os custos dos empréstimos no mercado de dívida, disse Isabel Schnabel, autoridade do BCE, nesta terça-feira.

O BCE comprou títulos no valor de mais de 5 trilhões de euros entre 2015 e 2022, em uma tentativa de reavivar a inflação, que estava muito baixa.

No entanto, houve uma reviravolta tardia quando os preços começaram a subir muito mais rápido do que o esperado após a pandemia da Covid-19 e a invasão da Ucrânia pela Rússia.

O banco central dos 20 países que compartilham o euro está agora se desfazendo desses títulos à medida que eles vencem, mas Schnabel disse que o enorme estoque de dívida que o BCE ainda possui pode estar interferindo em sua luta contra a inflação.

"Os prêmios de risco podem permanecer comprimidos em muitos segmentos do mercado, tornando as condições financeiras mais acomodatícias do que seriam de outra forma", disse Schnabel em um evento em Tóquio.

"Isso pode ter enfraquecido a transmissão da política monetária durante o recente ciclo de aperto."

O BCE elevou a taxa que paga sobre os depósitos bancários para um recorde de 4,0%, mas deverá começar a reduzi-la na próxima semana, depois que a inflação caiu para um pouco acima de sua meta de 2% e o crédito ficou estagnado.

Schnabel disse que a compra de títulos na última década ajudou a estabilizar os mercados financeiros em momentos de estresse, mas teve custos como perdas para o banco central, interferência no funcionamento do mercado e aumento da desigualdade.

Ela defendeu compras de títulos "mais direcionadas e parcimoniosas, intervindo com força quando necessário, mas interrompendo-as mais rapidamente", como o BCE fez com as compras de papel comercial na primavera de 2020 e o Banco da Inglaterra durante a turbulência do mercado em setembro de 2022.

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"Em uma economia baseada em bancos como a zona do euro, a experiência também sugere que outras medidas, como operações de refinanciamento de prazo mais longo direcionadas, podem fornecer apoio substancial... deixando uma pegada menor e menos persistente", acrescentou Schnabel.

O BCE afirmou que, em algum momento futuro, criará carteiras estruturais de títulos e empréstimos para garantir liquidez suficiente no sistema bancário.

(Reportagem de Francesco Canepa)

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