Greve da Boeing entra no 4º dia
Por Joe Brock
SEATTLE, Estados Unidos (Reuters) - Uma greve de mais de 30 mil trabalhadores da Boeing em fábricas na costa oeste dos Estados Unidos entrou no quarto dia nesta segunda-feira e negociadores da empresa e do sindicato se preparam para uma rodada de negociação sobre contrato de trabalho na terça-feira.
A Associação Internacional de Maquinistas e Trabalhadores Aeroespaciais (IAM), o maior sindicato da Boeing, votou na semana passada contra um contrato que previa um aumento salarial de 25% ao longo de quatro anos, mas que eliminou um bônus anual por desempenho.
Os líderes sindicais se reunirão com mediadores do governo dos Estados Unidos e com a Boeing para reiniciar negociações trabalhistas na terça-feira, disse o IAM no sábado.
Jon Holden, o principal negociador do sindicato, disse no sábado que os trabalhadores queriam que a Boeing aumentasse a oferta salarial e restabelecesse uma pensão de benefício definido que foi retirada há uma década em troca de manter a produção de aviões no Estado de Washington.
Duas fontes sindicais disseram à Reuters que não esperavam que a Boeing restabelecesse a antiga pensão, mas que a exigência poderia ser usada para negociar maiores contribuições previdenciárias da empresa e salários mais altos.
Os membros do sindicato no lado de fora das fábricas da Boeing em Seattle se mostraram otimistas quanto às chances de conseguirem um acordo melhor com a Boeing, mas poucos esperam que isso aconteça rapidamente.
"Não com o histórico da forma como a Boeing e o sindicato negociaram no passado", disse Chris Ginn, 37 anos, que trabalha em uma fábrica ao norte de Seattle na montagem de jatos 777.
Essa é a oitava greve desde que o braço Boeing do IAM foi criado na década de 1930. As duas últimas, em 2008 e 2005, duraram 57 e 28 dias, respectivamente.
A Reuters conversou com cinco trabalhadores que estavam usando essas paralisações anteriores como referência para seu planejamento financeiro, já que não receberão seus salários durante a greve. O sindicato fornece 250 dólares por semana aos membros em greve.
"Posso ficar seis semanas, oito semanas. Cabe à gerência da Boeing decidir quando oferecerá um acordo justo", disse Thinh Tan, engenheiro da fábrica do 737 MAX.
Muitos trabalhadores da fábrica estão dando vazão à raiva que vem se acumulando há mais de uma década, pois viram seus salários ficarem abaixo da inflação, enquanto os bônus dos executivos aumentaram.
"Eu vivo de salário em salário", disse Ginn, segurando seu filho em um braço e um cartaz escrito "Em greve contra a Boeing" no outro.
Na sexta-feira, as agências de classificação de risco Fitch e Moody's se juntaram à S&P Global Ratings para alertar que uma greve prolongada pode levar a um rebaixamento da recomendação da Boeing, que tem uma dívida de 60 bilhões de dólares.
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