Taxas de juros curtas têm leve alta e longas caem com Campos Neto reiterando busca por centro da meta

Por Fabricio de Castro

SÃO PAULO (Reuters) - As taxas dos DIs apresentaram movimentos contidos nesta terça-feira, com leve alta entre os contratos mais curtos e leve baixa entre os longos, em um dia de agenda esvaziada no Brasil e nos Estados Unidos e com declarações do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, que não fugiram do roteiro da instituição.

No fim da tarde, a taxa do DI para janeiro de 2025 -- que reflete as apostas para a Selic no curtíssimo prazo -- estava em 11,208%, ante 11,198% do ajuste anterior. A taxa do contrato para janeiro de 2026 marcava 12,71% ante 12,676%.

Entre os contratos mais longos, a taxa para janeiro de 2031 estava em 12,84%, ante 12,872%, e o contrato para janeiro de 2033 tinha taxa de 12,77%, ante 12,799%.

“Depois da puxada das taxas nas últimas semanas, era bom haver esta arrefecida”, comentou durante a tarde Vitor Oliveira, sócio da One Investimentos, ao justificar a acomodação da curva brasileira nesta terça-feira.

As declarações de Campos Neto em entrevista à emissora norte-americana CNBC foram consideradas dentro do script mais recente do BC. O presidente do BC repetiu que a economia brasileira está resiliente e que o mercado de trabalho está apertado, reiterando que a instituição busca atingir o centro da meta de inflação, de 3%.

“Esta relativa tranquilidade no dia, com as taxas (futuras) quase no zero a zero, é mais por conta do alinhamento do discurso de Campos Neto com o que já vinha sendo falado”, avaliou Oliveira.

Na ponta curta da curva a termo as apostas para o próximo encontro do Comitê de Política Monetária (Copom) do BC, em novembro, pouco mudaram.

Perto do fechamento a curva precificava 91% de probabilidade de alta de 50 pontos-base da Selic, contra 9% de chance de elevação de 75 pontos-base. Na segunda-feira os percentuais eram de 89% e 11%, respectivamente.

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O resultado do IPCA-15 de outubro, na próxima quinta-feira, é um fator com potencial para alterar estas probabilidades. Depois disso, o mercado estará de olho no possível anúncio de medidas de contenção de gastos pelo governo Lula, prometidas para após as eleições municipais do fim de semana.

Em entrevista ao Atlantic Council, em Washington, a ministra do Planejamento e Orçamento, Simone Tebet, frisou estar "chegando a hora" de uma revisão estrutural das despesas.

"Vamos entregar em breve ao presidente Lula, ainda este ano, um pacote de medidas para a contenção de gastos, que se refere à qualidade desses gastos, para que a gente possa ter sustentabilidade da dívida pública como forma de termos juros mais baixos e tornar o ambiente de negócios do Brasil mais atrativo", disse.

No exterior, os receios quanto à possível vitória de Donald Trump na eleição presidencial de 5 de novembro nos EUA seguia dando sustentação ao dólar e aos rendimentos dos Treasuries, mas o movimento no caso dos títulos norte-americanos também era limitado.

Às 16h36, o rendimento do Treasury de dois anos--que reflete apostas para os rumos das taxas de juros de curto prazo-- tinha alta de 1 ponto-base, a 4,032%. Já o retorno do Treasury de dez anos --referência global para decisões de investimento-- subia 2 pontos-base, a 4,2%.

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