Relator apresenta projeto para conferir transparência às emendas parlamentares

Por Maria Carolina Marcello

BRASÍLIA (Reuters) - O senador Angelo Coronel (PSD-BA), apresentou nesta sexta-feira o texto de um projeto que visa dar mais transparência a emendas parlamentares, proposta elaborada na intenção de reparar o mal-estar entre o Legislativo e o Judiciário envolvendo regras e informações mais claras sobre a execução dos recursos públicos.

A proposta é fruto de acordo selado entre os dois Poderes, que chegaram a protagonizar embates públicos, que também envolveu o Executivo.

Todas as informações sobre alocação e execução das emendas parlamentares ao Orçamento deverão estar disponíveis no Portal da Transferência, determina o texto apresentado nesta sexta-feira.

"Isso garantirá que a sociedade tenha acesso fácil e irrestrito às informações sobre como e onde os recursos públicos estão sendo aplicados", diz nota divulgada pela assessoria do senador.

O texto também tenta disciplinar o lado fiscal das emendas. O montante total anual para essas emendas será igual ao valor do exercício anterior, ajustado pela correção do limite de despesa primária estabelecido no Arcabouço Fiscal.

No caso das emendas individuais -- que ficaram conhecidas como "emendas pix" por serem efetuadas por meio de transferência especial, em repasses diretos ao ente federado beneficiado sem a necessidade de indicação de programa, projeto ou atividade a ser fomentada --, o projeto estabelece que elas terão de priorizar o envio de recursos a obras inacabadas.

Os parlamentares responsáveis pela emenda ficam encarregados de informar o objeto e o valor de transferência, ao passo que prefeituras deverão fornecer conta específica para receber os recursos.

Já para as emendas de bancadas estaduais. O projeto define que sua destinação está reservada exclusivamente a projetos

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estruturantes nas áreas de educação, saúde, infraestrutura, defesa nacional e segurança pública, entre outras.

Emendas de comissão deverão destinar 50% dos recursos para ações e serviços públicos de saúde.

Ainda de acordo com a medida, a fiscalização da execução das emendas parlamentares será realizada pelo Tribunal de Contas da União, pelos tribunais de contas estaduais e municipais, quando for o caso, e pelos órgãos de controle interno competentes.

O embate entre Legislativo e Judiciário já vinha se desenhando desde o ano passado envolvendo temas como o marco temporal para a demarcação de terras indígenas e a desoneração da folha de pagamentos de setores da economia, mas ganhou força diante de decisões da corte exigindo maior transparência e rastreabilidade das emendas parlamentares.

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