Soja perde liderança na receita exportadora do Brasil, em fato raro na última década

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A soja perdeu a liderança da pauta exportadora do Brasil para o petróleo, no acumulado de janeiro a novembro, segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), em fato raro na última década que indica como terminará ranking dos principais produtos exportados pelo país em 2024.

A única vez, desde 2015, que a soja não foi líder na receita exportadora do país foi em 2021, quando o minério de ferro ganhou com folga. Além de ser o maior produtor e exportador de soja, o Brasil também é um dos maiores para a matéria-prima mineral.

Já o petróleo só havia superado a soja como principal produto de exportação do Brasil -- de janeiro a novembro e também no ano completo -- em 2012. Mas naquele ano o minério de ferro liderou a pauta exportadora brasileira, segundo dados históricos da Secex.

O Brasil, maior exportador global de soja, está exportando volumes 1,3% menores em 2024 na comparação com os recordes de 2023 devido à quebra de safra. Mas os preços da oleaginosa despencaram quase 17%, implicando uma receita exportadora com queda percentual semelhante para 42,08 bilhões de dólares no acumulado do ano até novembro.

Já a exportação de petróleo do Brasil está em patamares recordes, somando 85,45 milhões de toneladas de janeiro a novembro, alta de 14,4% na comparação com o mesmo período do ano passado, segundo dados da Secex, divulgados na véspera.

Esse crescimento das exportações acontece com o aumento da produção de petróleo no pré-sal.

Como os preços do petróleo caíram menos no acumulado do ano, estando cerca de 4% mais baixos em relação a 2023, de acordo com a Secex, a receita exportadora subiu impulsionada pelos volumes para 42,76 bilhões de dólares, garantindo a liderança da commodity em 2024.

Faltando menos de um mês para 2024 se encerrar, é improvável que a oleaginosa retome a liderança neste ano, já que os seus embarques estão decrescentes na entressafra.

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Segundo estimativa da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec), as exportações de soja deverão somar em dezembro apenas 1,2 milhão de toneladas, o menor volume do ano.

"Em novembro, o petróleo já assumiu a liderança e em dezembro vai ampliar a liderança", afirmou o presidente da Associação de Comércio Exterior do Brasil (AEB), José Augusto de Castro, à Reuters.

Mas ele não considera que essa seja uma tendência para os próximos anos, e a soja pode voltar ao topo da pauta exportadora.

"Este ano a queda de preços da soja de cerca de 20% e o aumento da quantidade de petróleo fizeram o resultado", completou.

Já o minério de ferro, outra commodity importante para as exportações do Brasil, que geralmente forma a trinca das mais importantes da pauta exportadora, acumula no ano até novembro receita de 27,6 bilhões de dólares.

(Por Roberto Samora)

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