BC anuncia nova intervenção cambial de US$3 bi para 2ª-feira após vender US$845 mi em leilão à vista

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) - O Banco Central anunciou que fará novo leilão de dólares com compromisso de recompra na segunda-feira, quando serão ofertados 3 bilhões de dólares ao mercado no que será o terceiro pregão consecutivo com intervenções no câmbio.

Em comunicado divulgado nesta sexta, o BC afirmou que as propostas para o leilão de linha serão acolhidas das 10h20 às 10h25 de segunda-feira. As operações de venda da autarquia serão liquidadas na quarta-feira e as operações de compra, em 6 de março de 2025.

Na quinta-feira, o BC já havia vendido 4 bilhões de dólares em dois leilões de linha. Mais cedo nesta sexta, foram vendidos mais 845 milhões de dólares em um leilão à vista, sem compromisso de recompra.

A despeito das atuações da autoridade monetária, o dólar fechou em alta nessas duas sessões, mesmo após o Comitê de Política Monetária ter aprovado na noite de quarta-feira uma elevação de 1 ponto percentual dos juros, para 12,25%, e anunciado a intenção de aprovar duas altas da mesma magnitude nas próximas reuniões.

Em tese, quanto maior o juro, maior a atratividade para investimentos estrrangeiros, o que tende a estimular a entrada de dólares, mas operadores de mercado têm argumentando que preocupações com a sustentabilidade da dívida pública têm afastado investidores.

No leilão à vista desta sexta-feira, o BC informou que foram aceitas 9 propostas entre às 14h41 e 14h46, com uma taxa de corte nas vendas de 6,02 reais por dólar. No comunicado com o anúncio do leilão, a autoridade monetária disse que o lote mínimo seria de 1 milhão de dólares.

A autarquia não mencionou o motivo para a realização do leilão, que contribuiu para desacelerar a alta do dólar na sessão.

O último leilão de dólares à vista -- que não tem compromisso de recompra --, havia ocorrido no fim de agosto, quando o BC vendeu 1,5 bilhão de dólares. Na ocasião, o presidente do BC, Roberto Campos Neto, afirmou que a operação ocorrera por um "fluxo atípico" de dólares decorrente de um rebalanceamento de índice do mercado.

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Os membros da autarquia têm afirmado repetidamente que as intervenções no câmbio ocorrem apenas em casos de disfuncionalidade ou para fazer frente a fluxos atípicos.

Antes da realização do leilão nesta sexta, a moeda norte-americana subia mais de 1%, acima dos 6,07 reais, em meio ao pessimismo do mercado com o cenário fiscal, em que há dúvidas sobre o compromisso do governo com o equilíbrio das contas públicas e sobre a tramitação do pacote fiscal no Congresso.

Durante o leilão nesta tarde, a alta do dólar desacelerou bruscamente e quase devolveu todos os ganhos da sessão, chegando a rondar a estabilidade ante o real, antes de voltar a subir.

O dólar à vista encerrou o dia em alta de 0,28%, cotado a 6,0295 reais. Na semana, a moeda dos Estados Unidos teve perda de 0,78%.

(Por Fernando Cardoso, em São Paulo, e Isabel Versiani, em Brasília)

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