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Pela 1ª vez, cai número de empregos com carteira assinada em janeiro

26/02/2015 14h30

A Pesquisa Mensal de Emprego (PME) registrou queda de 1,9% no número de empregos com carteira assinada no setor privado, na comparação com janeiro de 2014. É a primeira vez que a taxa registra variação negativa para um mês de janeiro desde o início da série histórica, em março de 2002.

Em contrapartida, ainda segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), houve crescimento das vagas como "conta própria": entre janeiro e dezembro, a alta foi de 3,3% e, na comparação com janeiro anterior a alta foi de 4,8%.

"Pode estar havendo uma migração de pessoas que antes trabalhavam com carteira assinada e agora são autônomas, mas é preciso ver os setores em que isso está ocorrendo. Vemos uma tendência no crescimento do emprego por conta própria", segundo a pesquisadora do IBGE Adriana Araújo Beringuy.

A PME mostrou também queda de 5,5% nos empregos nos setores militar e público em geral.

Neste mês de janeiro, houve também o maior aumento da população desocupada para o mês, de 10,7% na comparação com igual mês de 2014.

"Este janeiro está bem diferente do que a gente vinha acompanhando, com crescimento grande da população desocupada, redução da população ocupada e crescimento significativo da taxa de desemprego", disse Adriana.

Pnea

Pela primeira vez em 12 anos, houve redução da população não economicamente ativa (Pnea) em janeiro na comparação com dezembro, segundo o IBGE. A Pnea compreende as pessoas que não estão em busca de trabalho. Assim, a diminuição dessa população implica que mais pessoas estavam em busca de trabalho em janeiro e este foi um dos motivos pelos quais a taxa de desemprego aumentou no mês passado. O outro motivo foi sazonal: a dispensa de trabalhadores temporários, contratados no fim do ano passado para o período de festas.

De acordo com o IBGE, 34 mil pessoas (-0,2%) deixaram a Pnea em janeiro na comparação com dezembro. A última vez que isso aconteceu foi em janeiro de 2003, quando a Pnea caiu 1,68%. A taxa de desemprego, por sua vez, subiu de 4,3% em dezembro para 5,3% em janeiro.

"Nos últimos meses do ano se registram as taxas mais baixas de desemprego, há geração de vagas, muitas em caráter temporário no comércio. Nas duas últimas semanas do ano também há pouca procura por trabalho. Quando vira o ano, as pessoas tendem a voltar a procurar emprego", disse Adriana.

No caso específico da região metropolitana de São Paulo, que representa 41% da população ocupada do país, o aumento da taxa de desocupação foi significativo, de 4,4% para 5,7%.

Segundo Adriana, em janeiro, a atividade que mais contribuiu para aumento da taxa de desemprego em São Paulo foi educação, saúde e administração pública, quando 90 mil trabalhadores foram dispensados.

"Estamos analisando o dado, pode ser algo específico para este mês e região. Mas de todo modo percebe-se que nessa região há dois movimentos - de dispensa e aumento da procura por trabalho".

Como São Paulo tem peso importante na amostra, o aumento da taxa repercutiu para o total das seis regiões. É preciso acompanhar se o movimento de dispensa em São Paulo é de fato sazonal, ou se vai de alguma forma destoar do que ocorreu nos últimos anos, disse Adriana.

Segundo ela, em janeiro, a taxa de desemprego tende a aumentar devido à dispensa de trabalhadores temporários, mas esse percentual pode ser espaçado ao longo do primeiro trimestre