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Juros futuros recuam influenciados por comentários de diretores do BC

17/02/2016 16h50


As taxas dos contratos futuros de juros recuaram na BM&F, reagindo ao cenário externo de menor aversão a risco, à queda do dólar e a comentários mais "dovish" (inclinada ao afrouxamento) do Banco Central nos últimos dias. Esta perspectiva anulou definitivamente a aposta em uma alta de juros neste ano, reforçando a discussão sobre a possibilidade de corte da Selic, dado a piora das estimativas para a atividade econômica brasileira.

O DI para janeiro de 2017 recuou de 14,28% para 14,235% no encerramento do pregão regular, começando a apontar para um corte da taxa de juros. E o DI para janeiro de 2021 caiu e 16,02% para 15,76%, refletindo a menor aversão a risco no exterior.

Investidores ajustaram os prêmios na curva de juros, que já não reflete mais a probabilidade de alta da taxa Selic neste ano.

O reforço desses ajustes nesta semana foi influenciado por comentários de dois diretores do Banco Central, Altamir Lopes, de Política Econômica, e Tony Volpon, de Assuntos Internacionais e Gestão de Riscos Corporativos. Em encontro com economistas e agentes do mercado, os diretores reforçaram a leitura de que o BC acredita que o cenário externo será desinflacionário e que a desaceleração econômica vai contribuir para o recuo da inflação corrente.

A fraqueza da economia, aliás, é um dos motivos principais para a reavaliação do BC na política monetária. Manchete do Valor mostra que a autoridade monetária já vê o PIB encolhendo 3% neste ano, e não mais 1,9%, previsão do último Relatório Trimestral de Inflação (RTI).

Para Flávio Serrano, economista-sênior do Haitong, essa revisão do cenário para PIB do BC pode ajudar no recuo da projeção da inflação no cenário de referência da autoridade monetária. Ele destaca, porém, que há outros fatores que têm uma contribuição de alta, como as expectativas inflacionárias ainda elevadas e incerteza em relação ao câmbio. "Se tiver uma queda de 0,40 ponto da inflação projetada no cenário de referência do BC para 2016 é muito, mas o fato é que ela continua acima da meta", afirma Serrano.

No último Relatório Trimestral de Inflação (RTI), a inflação projetada no cenário de referência do BC estava em 6,2% para 2016 e em 4,8% para 2017, considerando um câmbio a R$ 3,90 e uma queda de 1,9% em 2016. "O fato é que a gente está nesse dilema entre atividade fraca e inflação resistente. Mas achamos que, dadas as incertezas, o BC está com cabeça de esperar para ver, mantendo a taxa Selic estável no curto prazo", diz.

O Haitong prevê uma taxa Selic de 13,25% no fim do ano, com dois corte de 0,50 ponto a partir de novembro.