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Bovespa cai com dados acima do esperado nos EUA, mas ganha 3% no mês

26/02/2016 18h41

A bolsa brasileira fechou em baixa nesta sexta-feira, após uma nova rodada de dados mostrarem que a economia americana está mais aquecida do que os economistas previam. Dados mais fortes podem levar o Federal Reserve (Fed, o banco central americano) a dar continuidade ao processo de alta dos juros no país, o que desestimula o apetite por ativos de risco no mundo todo.

O cenário político doméstico também justificou uma maior cautela por parte dos investidores, que devem monitorar os desdobramentos do encontro do PT neste fim de semana. "O ambiente tende a ficar mais pesado também porque temos eventos importantes no fim de semana, como o encontro do G-20 e a reunião do PT", observou o economista-chefe do Modalmais, Alvaro Bandeira.

Pela manhã, o Ibovespa chegou a subir quase 1,5% diante da sinalização do banqueiro central da China, Zhou Xiaochuan, de que Pequim não irá enfraquecer drasticamente a moeda chinesa e que tem ferramentas suficientes para apoiar a economia. Porém, os dados da economia americana divulgados após o meio-dia tiraram força das bolsas em Wall Street e fortaleceram o dólar, levando o Ibovespa para o terreno negativo.

O índice fechou em baixa de 0,70%, aos 41.593 pontos, com volume de R$ 4,760 bilhões. Desta forma, a bolsa brasileira encerrou a semana praticamente estável (0,12%), mas ainda acumula alta de 2,94% em fevereiro, restando apenas um pregão para o encerramento do mês.

O dado americano que chamou mais atenção do mercado foi o núcleo da inflação (PCE), que saltou para 1,7% no acumulado de 12 meses, aproximando-se da meta de 2% do Fed. Mais cedo, o PIB americano do quarto trimestre mostrou alta de 1,0%, também acima das expectativas, de 0,7%.

Por aqui, investidores mostram apreensão com a reunião do PT no fim de semana. O partido, que está se afastando cada vez mais do governo Dilma Rousseff apresentará um plano econômico paralelo, com o objetivo de marcar posição e apontar saídas para a crise, destacou a XP Investimentos, em nota ao clientes.

Batizado de Programa Nacional de Emergência, o plano propõe adoção de imposto sobre grandes fortunas, com alíquota entre 0,5% e 1%, a defesa do sistema progressivo e o uso de parte das reservas internacionais destinado à criação de um Fundo Nacional de Desenvolvimento e Emprego, além de forte redução da taxa básica de juros e a volta da CPMF. O documento, feito pelo presidente do PT, Rui Falcão, com apoio do ex-presidente Lula, e intitulado "O futuro está na retomada das mudanças", ainda pode ser alterado quando passar pelo Diretório Nacional.

Entre as principais ações do Ibovespa, Brasil Foods ON (-7,68%) figurou entre as maiores perdas, seguida de longe por Vale PNA (-0,85%), Ambev ON (-0,45%) e Petrobras PN (-0,40%), enquanto Itaú PN terminou estável e Bradesco PN subiu 0,29%.

A Brasil Foods trouxe lucro de R$ 1,415 bilhão no quarto trimestre, com aumento de 42,8% sobre igual período do ano passado. As ações reagiram também à decisão da Moody's, que tirou o grau de investimento da companhia, ao cortar o rating de Baa2 para Ba1, com perspectiva negativa.

Entre as maiores altas ficaram Rumo ON (4,93%), Kroton ON (3,84%) e Estácio ON (3,59%). As ações da Rumo subiram após a empresa divulgar prejuízo de R$ 162,7 milhões no quarto trimestre de 2015, o que representa uma redução de 91% em relação ao prejuízo combinado de R$ 1,9 bilhão registrado no mesmo período de 2014.

Na ponta negativa, além de Brasil Foods ON, terminaram Oi ON (-7,97%), Hering ON (-5,83%) e Cemig PN (-4,83%). A Hering apresentou queda de 24% no lucro do quarto trimestre, para R$ 83,1 milhões. Analistas esperavam um recuo menor do resultado. Já Oi seguiu a trajetória negativa iniciada ontem, depois que o fundo russo Letter One anunciou que não fará mais aporte de US$ 4 bilhões na companhia porque a TIM não aceitou continuar as negociações para fusão com a Oi.