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Juros futuros recuam na BM&F com aumento da aposta no impeachment

15/04/2016 17h10

As taxas dos contratos futuros de juros recuaram na BM&F nesta sexta-feira, com os investidores ajustando as posições à espera da votação do impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara, prevista para domingo, 17 de abril.

O avanço do número de deputados a favor do impeachment levou o mercado a aumentar as apostas na mudança de governo nesta semana, e reduzir os prêmios de risco na curva de juros, na esperança de que isso possibilite a implementação de uma política fiscal mais austera.

O DI para janeiro de 2017 caiu de 13,65% para 13,595%, enquanto o DI para janeiro de 2018 recuou de 13,11% para 12,99%. O DI para janeiro de 2021 caiu de 13,04% para 13,02%.

O mercado reagiu positivamente hoje à notícia de que o Supremo Tribunal Federal (STF) rejeitou todas as cinco ações apresentadas pelo governo e seus aliados contra o processo - inclusive a que contestava a ordem de votação estabelecida pelo deputado Eduardo Cunha, presidente da Câmara. Assim, haverá alternância na chamada dos deputados entre os Estados do Norte e do Sul. Os Estados do Nordeste ficarão por último.

Segundo Rogério Braga, sócio e gestor da Quantitas, os investidores estarão atentos ao processo de votação na Câmara. Se o impeachment for aprovado com uma margem confortável de votos, os mercados tendem a ter uma reação mais positiva, pois isso pode acelerar o processo no Senado, avalia o gestor.

Se aprovado na Câmara o processo segue para o Senado, onde será instalada uma Comissão para avaliar se a presidente será afastada ou não. O parecer final será encaminhado para votação no plenário e é necessária a aprovação de 41 dos 81 senadores para o afastamento da presidente.

Os próximos passos a serem observados após esse evento e que poderão influenciar os preços dos ativos locais envolvem a formação da equipe econômica em um eventual novo governo e também a postura do Supremos Tribunal Federal (STF) e da opinião pública. "O mercado não está olhando só para este ano. Se for anunciada uma equipe econômica competente, acho que é possível melhorar o quadro de aceleração do déficit fiscal, ainda que possa demorar para colher os resultados", diz.

O risco, segundo Braga, é do possível novo governo enfrentar dificuldade para conseguir apoio político para a aprovação de reformas estruturais como a da Previdência e da correção de salários, que podem ser consideradas impopulares, mas que são importantes para o ajuste das contas públicas.

O gestor da Quantitas acredita que se as primeiras sinalizações do novo governo forem nessa direção, os ativos locais podem até ampliar o rali verificado nas últimas semanas, com a parte longa da curva de juros podendo recuar para 12%.