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Cunha crê em absolvição e acusa deputados de querer aparecer

01/06/2016 18h56

O presidente afastado da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), afirmou nesta quarta-feira que crê em sua absolvição no processo que corre contra ele no Conselho de Ética da Casa. Ele também acusou os deputados Marcos Rogério (DEM-RO) e José Carlos Araújo (PR-BA) de usarem o seu julgamento para fins políticos.

"Não temo nem devo nada. Não temo ser cassado, tenho certeza de que serei absolvido no processo", disse em entrevista à Rádio Estadão. "São manobras espúrias daqueles que querem aparecer nos holofotes, buscando carona na minha imagem."

Cunha é criticado por diversos parlamentares pelas manobras que têm atrasado o andamento do seu processo. Ele, no entanto, aponta justamente os deputados que não são seus aliados como os responsáveis pelo andamento. "É o único jeito de eles continuarem dando entrevistas."

Marcos Rogério entregou nessa terça-feira o relatório final do processo contra o pemedebista, acusado de ocultação de bens no exterior e de mentir à CPI da Petrobras. Ele voltou a negar as acusações. "Espero a absolvição. Sou inocente, não menti, não tenho contas no exterior. O depoimento que fiz foi de forma espontânea, fui o único de todos investigados que foi à CPI sem ser convocado, para esclarecer a minha situação para a opinião pública", disse. Ele diminuiu o fato de ser réu no Supremo Tribunal Federal e disse que também espera a absolvição nesse caso. Cunha foi citado em delação premiada pelo lobista Júlio Camargo, que o acusou de estar envolvido nos desvios da Petrobras. "Hoje um delator fala e já é motivo de aceitação de denúncia. Antes você só abria inquérito", disse.

O pemedebista também minimizou as dificuldades enfrentadas pelo presidente interino Michel Temer, que viu dois de seus ministros saírem do cargo com menos de duas semanas de governo, em decorrência de denúncias de corrupção. "É um governo interino, tem menos legitimidade do que no terá fim do processo. É um governo de improviso, montado às pressas", disse. Ele fez uma comparação com o governo de Itamar Franco, que assumiu após a saída de Fernando Collor e também teve dificuldades para montar a sua equipe. "Em sete meses o governo Itamar teve quatro ministros da Fazenda", disse. Ele elogiou "as propostas corretas" da "equipe econômica coesa" escolhida por Temer.

Cunha afirmou também que entende o "ódio" da presidente afasta Dilma Rousseff. "Fui eu que aceitei o pedido de impeachment dela", disse. Ele ainda provocou a petista - "ajoelho e agradeço todas as noites pelo afastamento dela" -, mas afirmou que está pagando "um peso [político] extremamente pesado" por ter sido o responsável pela aceitação do pedido de impeachment.

Ele diz que está exercendo normalmente sua atividade partidária, mas negou as afirmações de que esteja no centro das articulações do governo Temer. "Não há um alfinete meu no governo dele, mas não haveria nada de ilegítimo se houvesse, ele é do meu partido", disse. Cunha desconversou, entretanto, sobre o motivo de encontro que teve nesta semana com o ministro da Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima. "Isso faz parte. Ele é do meu partido, temos relação pessoal. Não teve nada a ver com política. Posso falar todos os dias com ele se quiser", disse.

Por fim, Cunha negou qualquer chance de renunciar: "Renúncia não é uma palavra que faz parte do meu vocabulário".