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Juros futuros de prazo longo fecham em alta nesta terça-feira na BM&F

14/06/2016 17h01

As taxas dos contratos futuros de juros de vencimentos mais longos fecharam em alta na BM&F, refletindo o ambiente de menor apetite por ativos de risco no exterior. Investidores também reforçam a cautela nas apostas para os juros de curto prazo à espera da divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que manteve a taxa Selic em 14,25%.

O DI para janeiro de 2017 fechou perto da estabilidade a 13,74% ante 13,7% do fechamento anterior. E o DI para janeiro de 2021 avançou de 12,59% para 12,64%.

Incertezas no mercado externo, especialmente em relação a uma possível saída do Reino Unido da União Europeia, e as expectativas de inflação ainda distantes do centro da meta levaram os investidores a recompor os prêmios na curva de juros. A avaliação é que o Banco Central poderá preferir esperar uma queda maior das expectativas de inflação para 2017, cuja mediana das projeções dos analistas ainda está fora do centro da meta, antes de iniciar o ciclo de corte da taxa Selic.

Ontem , o presidente do BC, Ilan Goldfajn, anunciou os nomes dos novos diretores de Política Monetária, Política Econômica e Assuntos Internacionais. As avaliações de forma geral são positivas, com o BC voltando a ter uma diretoria com perfil mais diversificado entre funcionários de carreira e profissionais do mercado. Com isso, pode haver ainda algum ajuste na relação entre moderados e conservadores no Copom, possivelmente com mais peso para os últimos.

"A equipe é boa, o discurso inicial do novo presidente do BC [Ilan Goldfajn] foi bom, mas o ambiente político ainda é de cautela, faltando ainda a conclusão do processo de impeachment da presidente afastada Dilma Rousseff, e o cenário de inflação, desfavorável. Além disso, há muitas incertezas no mercado externo", afirma Paulo Nepomuceno, estrategista de renda fixa da Coinvalores.

A aprovação da medida que estabelece um teto para o aumento dos gastos do governo, que não poderá ultrapassar a variação da inflação do ano anterior, pode ajudar a reduzir a percepção de risco no mercado local e abrir espaço para uma queda dos prêmios na curvas de juros, afirma Nepomuceno. A proposta de emenda à Constituição (PEC) prevê a fixação de teto para o gasto público por 20 anos.

Do lado externo, a maior preocupação é com uma possível saída do Reino Unido da União Europeia. O referendo sobre essa decisão está marcado para 23 de junho e os investidores temem que, se o Reino Unido deixar a UE, poderia provocar um movimento global de fuga de ativos de risco, o que seria negativo para os emergentes.

O mercado ainda aguarda a decisão de política monetária do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc) nos Estados Unidos amanhã. "O Fed não deve dar nenhuma sinalização mais contundente e vai esperar a decisão do referendo no Reino Unido. Se o país deixar a UE, o Fed vai ter de repensar a estratégia para a normalização da política monetária", afirma Nepomuceno.