FGV: Expectativas puxam melhora do clima econômico na América Latina

O indicador Ifo/FGV de Clima Econômico da América Latina (ICE) - elaborado em parceria entre o Instituto alemão Ifo e a Fundação Getulio Vargas (FGV) - subiu pelo terceiro trimestre consecutivo, de 74 pontos para 79 pontos, entre abril e julho de 2016.
A alta foi exclusivamente determinada pela melhora das expectativas, informa relatório divulgado pela FGV. O Índice de Expectativas (IE) subiu 12 pontos, de 88 para 100 pontos, enquanto o Índice da Situação Atual (ISA) caiu 2 pontos, de 60 para 58 pontos.
No sentido inverso da América Latina, o clima econômico mundial recuou 5 pontos, entrando na zona de classificação desfavorável do ciclo econômico, de 100 para 95 pontos. Assim como na América Latina, a trajetória das expectativas foi responsável pelo resultado do ICE Mundial, ao registrar queda de 10 pontos, para 98 pontos. Já o Índice da situação atual manteve-se estável entre o segundo e o terceiro trimestre, em 92 pontos.
Os indicadores agregados da Sondagem Econômica da América Latina são ponderados pela participação da corrente de comércio dos países da região. México e Brasil explicam 42% e 20%, respectivamente, da corrente de comércio dos 17 países pesquisados.
O Chile, terceiro colocado, explica 7%. No México, o ICE caiu 15 pontos entre as duas últimas edições da pesquisa, ao passar de 89 para 74 pontos. O Brasil caminhou no sentido oposto, ao avançar 27 pontos, de 55 para 82 pontos no mesmo período. Além do Brasil, houve melhora do clima econômico em outros 7 dos 11 principais países da região.
Melhora no Brasil
A melhora no Brasil foi puxada pelas expectativas. O IE do país saltou de 90 para 144 pontos, enquanto o ISA permaneceu no patamar mínimo de 20 pontos, que vem sendo observado desde julho de 2015. Enquanto no caso brasileiro, a melhora do clima econômico decorre exclusivamente das expectativas, no Peru, o aumento do otimismo com o futuro - que ocorre desde janeiro passado - vem sendo acompanhado pela percepção mais benigna sobre a situação corrente.
Na edição de julho da Sondagem da América Latina, apenas Bolívia, México e, em menor grau, o Chile (-2 pontos) registraram piora das expectativas, indicando que os especialistas da maioria dos países preveem melhora nas economias de seus países ao longo dos próximos seis meses. Em relação à situação econômica atual, indicadores em alta e favoráveis são observados no Paraguai, Bolívia e Peru.
Chama atenção a combinação de melhora do ISA e piora no IE na Bolívia, sugerindo uma possível desaceleração da atividade econômica nos próximos meses. Já no Chile, o ISA sobe, mas permanece em nível desfavorável. Além do Brasil, houve estabilidade dos indicadores de Situação Atual na Venezuela, Equador e Colômbia.
Enquanto na América Latina, as expectativas têm influenciado favoravelmente o clima econômico - movimento associado possivelmente a impactos positivos de medidas governamentais e/ou desaceleração na queda dos preços das commodities (em especial agrícolas e algumas metálicas) - no mundo, a votação favorável à saída do Reino Unido da União Europeia teve efeito negativo nas grandes economias desse bloco.
Na União Europeia, o ISA avançou de 108 pontos para 112 pontos, mas o IE caiu 18 pontos, para 96 pontos. No Reino Unido, o IE despencou de 112 pontos, em abril, para 38 pontos, em julho. Nas outras principais economias europeias, o recuo foi menor: 14 pontos na Alemanha e 22 pontos na França. Nos Estados Unidos, o IE não se alterou e o ISA caiu de 110 pontos para 104 pontos, sinalizando desaceleração da atividade econômica.
Entre o Brics, apenas a China registrou queda do ICE entre abril e julho, com piora das expectativas. O ISA chinês subiu 2 pontos mas continua desfavorável. Neste grupo de países emergentes, o Brasil ocupa agora a segunda posição em termos de clima econômico, atrás da Índia. No entanto, a diferença nos indicadores dos dois países é ainda grande: o ICE da Índia é de 132 pontos, bem superior aos 82 pontos do índice brasileiro.
Como mostra a edição atual da pesquisa, as expectativas são favoráveis para o Brasil, mas faltam indicadores de efetiva melhora nas condições econômicas do país.
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