IPCA
0,83 Abr.2024
Topo

Dólar sobe a quase R$ 3,25 após impeachment e com EUA no foco

01/09/2016 17h56

Após a aprovação do impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, a dinâmica do mercado de câmbio voltou a ser direcionada pelo mercado externo. Investidores adotaram uma postura mais cautelosa à espera da divulgação do relatório de emprego ("payroll") nos Estados Unidos amanhã, que poderá ser um indicador sobre os próximos passos da política monetária americana.

No mercado local, a moeda americana subiu frente ao real acompanhando o movimento no exterior.

O dólar comercial fechou em alta de 0,59% a R$ 3,2495, enquanto o contrato para outubro avançava 0,78% para R$ 3,279.

As apostas em um aperto monetário em setembro aumentaram desde os comentários da presidente do Federal Reserve, Janet Yellen, e de diretores durante o encontro em Jackson Hole na semana passada. "O Fed vai avaliar a questão do pleno emprego para decidir sobre o aumento da taxa básica de juros", afirma Jaime Ferreira, diretor de câmbio da Intercam Corretora.

O número de pedidos de auxílio-desemprego, divulgado hoje, subiu para 263 mil na semana passada, abaixo do esperado pelo mercado, que era de 265 mil.

Hoje a presidente do Fed de Cleveland, Loretta Mester, afirmou que aumentos "graduais" de juros são consistentes com a perspectiva econômica, mas evitou fazer referências ao momento da elevação.

Para Ferreira, se o Fed não subir a taxa de juros em setembro, isso pode trazer um alívio para o dólar no curto prazo e ajudar a atrair recursos para o mercado local.

O diretor de gestão de recursos da Ativa Corretora, Arnaldo Curvello, afirma que se o governo aprovar as reformas, um aumento de juros nos Estados Unidos não muda a perspectiva para investimentos em ativos no Brasil. "Temos gordura nos juros para passar por isso", diz Curvello lembrando que a taxa de juros no Brasil é muito alta. Ontem, o Banco Central manteve a taxa Selic estável em 14,25%.

O retorno das alocações no Brasil, segundo Ferreira, vai depender, no entanto, da questão fiscal. "Os investidores querem ver a aprovação de medidas para aumentar a confiança no Brasil. O governo tem de apresentar alguma coisa concreta para o mercado". Entre as medidas em andamento, estão a proposta de emenda à Constituição (PEC) 241, que estabelece um teto para o aumento de gastos do governo limitado à inflação do ano anterior, e também a reforma da previdência. "A complacência do mercado com o governo acabou e ele quer ver algum resultado na aprovação das medidas fiscais", afirma Curvello.

A agência de classificação de risco Moody's afirmou hoje que o impeachment da presidente Dilma Rousseff retira do cenário brasileiro um elemento de incerteza política que vinha afetando a economia brasileira nos últimos meses, mas alerta que a mudança de governo não é garantia de sucesso na aprovação das reforma no país, necessárias para melhorar a nota de crédito do Brasil.

Segundo a agência, o presidente Michel Temer, ainda encontra obstáculos "significativos" à implementação dessas medidas e a obtenção de apoio para aprovação delas no Congresso será um fator-chave na definição das perspectivas de crédito do país.

No mercado local, o Banco Central seguiu com o ritmo de oferta de swaps cambiais reversos e vendeu hoje mais 10 mil contratos. Com isso, se mantiver o mesmo ritmo, o BC vai liquidar o restante de US$ 2,714 bilhões em contratos de swap cambial tradicional que venceriam em outubro e também quase a totalidade do lote de US$ 7,969 bilhões nesses ativos que vence em novembro.