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Juros futuros têm queda firme com avanço da aposta de corte em outubro

01/09/2016 19h16

O mercado de juros fechou a quinta-feira em queda firme, movido pelo crescimento das apostas num corte da Selic a partir de outubro, cenário que estava perdendo força nas últimas semanas. Esse movimento foi sustentado pelo comunicado da decisão do Copom de ontem que, na visão dos agentes, abriu a possibilidade para o início da queda da taxa básica na próxima reunião, ainda que a decisão esteja condicionada a um conjunto de indicadores.

No fechamento, o DI janeiro/2018 era negociado a 12,59% (12,78% ontem), o DI janeiro/2019 tinha taxa de 12,01% (ante 12,21%) e o DI janeiro/2021 tinha taxa de 11,97% (12,04%).

Segundo cálculos de operadores, com a queda dos DIs, a curva a termo já precifica um corte dos juros levemente superior a 0,5 ponto percentual até o fim do ano. Ou seja, ao menos duas reduções de 0,25 ponto foram incorporadas aos preços. Até ontem, uma queda em outubro praticamente não aparecida na curva, e as chances eram de um corte perto de 0,25 ponto em novembro.

A retirada da frase "o cenário básico e o atual balanço de riscos indicam não haver espaço para flexibilização da política monetária" foi entendida como o ponto-chave para essa leitura - embora o texto tenha indicado que há condições a serem alcançadas para que o alívio monetário seja iniciado.

O Copom foi enfático ao afirmar que quer ter segurança de que a inflação estará em 4,5% em 2017 para começar a reduzir a Selic. "Nós lemos o comunicado do Copom como uma indicação de que o Banco Central está inclinado a agir de forma ?data dependent', esperando que as condições definidas sejam alcançadas", afirma relatório do banco UBS. "Entretanto, considerando as perspectivas de que a inflação de serviços vai continuar em queda, dadas as condições econômicas, que os preços de alimentos devem se dissipar nos próximos meses, com queda já percebida no atacado, e que há sinais preliminares sugerindo de que o governo pode avançar na agenda de reformas até o fim do ano, acreditamos que as portas estão aberta para corte de juros em outubro."

A variável mais sensível, dizem especialistas, é a fiscal. Ao mesmo tempo em que o Copom foi enfático em condicionar a queda do juro ao andamento das reformas, o mercado discute ainda que passos precisam estar assegurados para que o alívio monetário seja iniciado.

Para o sócio gestor da Modal Asset, Luiz Eduardo Portella, o comunicado do Copom de ontem trouxe o "sinal do qual o mercado de renda fixa precisava para ter uma performance melhor". "O mercado não esperava por esse sinal agora. E, por isso, a dinâmica dos negócios em renda fixa, que vinham pressionados, pode melhorar", afirma. Ele diz que os investidores podem optar por uma troca de risco entre câmbio e DI, o que resultaria em queda mais acentuada das taxas. "Houve um grande rali do dólar e da bolsa e o mercado de juros não acompanhou na mesma intensidade. Agora, os juros podem andar mais do que os outros ativos em termos relativos", diz.

Para Portella, por causa da inflação corrente ainda elevada e das dúvidas sobre a capacidade do governo em aprovar a PEC dos gastos ainda neste ano, o mercado via uma "porta fechada" para corte de juros em outubro. "Se a inflação de alimentos mostrar melhora, se a agenda fiscal andar no Congresso e isso se refletir na melhora das expectativas, eles vão cortar. Existe uma chance concreta disso ocorrer até outubro."

Aproveitando esse apetite por risco prefixado, o Tesouro Nacional vendeu a oferta integral de 10 milhões de LTNs. Mas, no caso das LFTs, foram vendidas apenas 702.350 do volume de 1 milhão de títulos ofertados.

A queda dos juros hoje ocorre a despeito do aumento da cautela no mercado global, que resultou na alta do dólar para perto dos R$ 3,25.