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Lula ataca privatizações de Temer e chama governo de 'vendedor'

04/10/2016 22h20

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou um evento internacional que reuniu centrais sindicais de diferentes países do mundo, no Rio de Janeiro, para atacar o projeto de privatização implementado pelo governo de Michel Temer (PMDB). "Existe um tipo de governo que não deve se chamar governo, mas vendedor", disse durante discurso de quase 40 minutos na noite desta terça-feira.

Lula falou para uma plateia de trabalhadores industriais, ambiente onde ele começou a vida política. Durante a fala, lembrou de iniciativas de seu governo em relação aos trabalhadores e voltou a cobrar a inclusão "dos pobres no orçamento". "Presidente não gosta de conversar com trabalhador", afirmou, mas sem se referir especificamente a Temer. "O governo se reúne com empresários e banqueiros, como se trabalhadores não existissem", completou.

Por diversas vezes Lula usou o tema do evento para convocar os sindicalistas presentes em um auditório na zona oeste do Rio a reclamar das reformas trabalhistas. "Sem a luta, os trabalhadores não vão conquistar nada", destacou. O lema do Segundo Congresso da IndutriALL Global Union era "A luta continua". "Se preparem, comam quatro vezes por dia, porque o governo vai exigir muito esforço dos sindicalistas", brincou.

Lula criticou ainda as soluções propostas para a crise, que envolvem cortes nos gastos públicos. "Há sete anos só se fala em corte e não se discute crescimento econômico". E, portanto, a crise vai continuar", afirmou.

Na avaliação do ex-presidente, se a proposta que limita os gastos públicos à inflação do ano anterior for aprovada no Congresso, como cobra a equipe econômica do governo Temer, "vão congelar investimentos na saúde e na educação por 20 anos". E completou, voltando a classificar em público o processo de afastamento de Dilma Rousseff da presidência da República de golpe. "Uma mulher eleita não terminou o mandato porque a direita conservadora deu um golpe parlamentar", disse ele.

CLT

Lula admitiu a "atualização" de termos da CLT (Consolidação das Leis Trabalhistas) após ser questionado por jornalistas sobre as reformas trabalhistas propostas pelo governo de Michel Temer (PMDB). "É preciso que a gente pense em adequar o que está superado na CLT, pode ter coisa que tem que ser atualizada, mas você não pode prescindir da proteção da CLT para os setores mais fracos", afirmou.

Na avaliação de Lula, as reformas na previdência e no orçamento só aparecem no noticiário durante crises econômicas como a que atualmente o país atravessa. "Toda vez que tem uma crise econômica as pessoas começam a falar em corte, em perda de direito, reforma na aposentadoria. Nunca se fala em reforma na aposentadoria quando a economia está crescendo".

Lula também minimizou as perdas eleitorais do PT neste fim de semana. "Eleição você cresce, na outra você cai, democracia é isso. Se tivesse escrito que o PT não podia perder, nunca eu tinha criado um partido político", afirmou. "Quem ganhou agora pode perder em 2018, 2022. Essa é a beleza da democracia, é a alternância de poder", completou.

Questionado por jornalistas, Lula atacou o pacote de concessões da gestão Temer. "As privatizações devem incomodar o Brasil", disse após ser perguntado se o programa não o incomodava. "Governo que acha que vai resolver o problema vendendo é igual marido que perde o emprego e propõe à esposa vender cama, geladeira", comparou.