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Alckmin defende aprovação de reformas antes de PEC dos gastos

06/10/2016 00h15

O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), afirmou que considera um risco o presidente Michel Temer gastar seu cacife político para aprovar a proposta de emenda constitucional (PEC) 241, que estabelece um teto para os gastos da União corrigido pela inflação, antes de aprovar reformas estruturais, a maioria prevista para o ano que vem.

Alckmin se disse defensor da PEC, mas inverteria as prioridades, aprovando primeiro as reformas que considera importantes, como a previdenciária, a trabalhista, a tributária e a política. "Eu faria primeiro as reformas e depois a PEC. Porque se você aprovar a PEC e não aprovar as reformas fica muito difícil a PEC ser exequível. E qual é o risco? É você gastar todo o cacife político, toda a energia, para aprovar a PEC e deixar as reformas para o ano que vem, e aí no ano que vem elas se diluírem ao longo do tempo", disse, durante entrevista ao jornalista Roberto D'Ávila, exibida nesta noite pela Globonews.

Alckmin também afirmou concordar com o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Teori Zavascki, que criticou o "espetáculo midiático" dos procuradores da Operação Lava-Jato durante apresentação da denúncia contra o ex-presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva, no mês passado. "Sou admirador do ministro Teori Zavascki e ele tem razão. A ribalta é para quem disputa eleição. Os operadores do Direito, o Ministério Público, a magistratura, precisam de mais cautela", disse.

Sobre a disputa interna no PSDB pela candidatura à Presidência, Alckmin disse que é contra antecipar a eleição de 2018, já que a corrida municipal deste ano ainda nem acabou. Mas afirmou que também é defensor de prévias, como declarou o senador mineiro Aécio Neves, depois do domingo, quando o governador se fortaleceu ao eleger sua aposta para a Prefeitura de São Paulo, o empresário e apresentador de TV João Doria, já no primeiro turno, um feito inédito. "Sempre defendo a democracia dentro de casa, que começa nos partidos", disse.

Alckmin citou os Estados Unidos como um exemplo a ser seguido e afirmou que o nome de Barack Obama, "um presidente negro , de nome Hussein, nascido no Havaí", nem era cogitado para vice quando esteve visitando o país, em 2008, e que a candidatura só foi possível porque Obama cresceu durante as prévias. "Dentro do partido pode ter dez candidatos e vai afunilando", disse.

O tucano afirmou considerar o governo Temer, que tem direito à reeleição, como uma "transição" e reforçou que o presidente deve aproveitar o momento político e seu cacife enorme, proporcional em sua opinião aos mais de dois terços do Congresso que aprovaram o impeachment da ex-presidente Dilma Rousseff, para fazer as reformas.

O governador minimizou a divisão do PSDB em São Paulo ocasionada por sua decisão de apadrinhar João Doria, escolha que não foi acompanhada por outros líderes do partido, como José Serra e Alberto Goldman, e tardiamente pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. "É natural que um partido grande tenha boas lideranças, que se posicionem. O importante é estarem juntos depois", afirmou.

Questionado se Doria não seria uma espécie de Donald Trump paulista, Alckmin discordou e afirmou que o PSDB é social-democrata. "Não tem nada a ver com o Partido Republicano. É muito mais parecido com o Partido Democrata, da Hillary [Clinton] e do Obama", disse.

Sobre a anulação do processo que condenou os responsáveis pelo massacre do Carandiru, Alckmin foi evasivo. "Isso foi em 1992. Levou um quarto de século, 24 anos. Esse é o grande problema. A Justiça tardia não faz justiça. Graças a Deus, o Carandiru não existe mais, demolimos e fizemos o Parque da Juventude. O processo agora recomeça. Claro que o Ministério Público vai recorrer. Isso nos leva a outra questão: precisamos de uma reforma do Judiciário, já passamos dos 100 milhões de processos no país. Há uma judicialização."