Ibovespa sobe mais de 2% após BC reduzir juros; dólar cai a R$ 3,17
O corte de juros de 0,75 ponto percentual anunciado pelo Comitê de Política Monetária (Copom) ontem faz o Ibovespa subir 1,5 mil pontos no pregão. O índice, que abriu na casa dos 62 mil pontos, às 13h38 negociava a 63.900 pontos, em alta de 2,33%. Na máxima, atingiu 64.342 pontos, alta de 3,03%. O volume financeiro também cresceu. A Bovespa movimentava R$ 3,6 bilhões, quando o normal para esse horário seria menos de R$ 3 bilhões.
A movimentação nos juros faz os setores de commodities cederem lugar aos papéis da economia local no topo do índice. Em geral, sobem papéis de empresas cuja demanda é mais sensível às taxas de juros, ou de companhias endividadas, que terão redução na alavancagem. Construção civil e varejo se destacam. BR Malls ON sobe 8,2%, Localiza ON ganha 6,9% e Cemig PN tem alta de 6,8%. Os papéis são seguidos por Lojas Americanas PN (6,5%), Copel PNB (6,03%), Pão de Açúcar PN (5,79%), Lojas Renner ON (5,5%), Estácio (5,3%) e Multiplan (5,29%).
BR Malls também ganha com a notícia de que seu conselho de administração vai passar por mais uma reforma, que visa definir a estratégia para um novo ciclo de negócios.
Ao reduzir a taxa, os argumentos trazidos pelo Banco Central - desinflação mais disseminada e demora adicional na recuperação econômica - sugerem que a autoridade monetária deverá manter o ritmo de cortes. Alguns não descartam que o BC possa reduzir o juro até mesmo em 1 ponto percentual.
Ontem, os recibos de ações de companhias domésticas negociados em Nova York fecharam a sessão em forte alta, com Gerdau (6,57%), Petrobras (4,81%) e Vale (4,62%) entre os destaques.
Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho, diz que a performance dos papéis de varejo deve-se a expectativas de melhora na demanda, mas acredita que o efeito será de curto prazo. "Cortes de juros têm efeito real na economia seis meses depois. Vai levar um tempo", disse. Ele acrescenta que a recuperação da demanda na economia local será demorada, já que o país ainda se vê às voltas com desemprego elevado e renda do trabalhador em queda. "Há um benefício marginal, mas a queda de juros por si só não fará com que a demanda se recupere na hora. A recuperação será gradual", afirma.
Num primeiro momento, diz Rostagno, o corte de juros estanca os movimentos de revisão para baixo do desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), bem como o pessimismo em relação ao desempenho da economia. Mas ele acredita que a medida não representa uma "virada forte" para a bolsa, porque o cenário ainda oferece muitas incertezas. As principais são a política econômica americana após a eleição de Donald Trump e os crescimento da China e da Europa.
Fora do Ibovespa, as ações das construtoras e incorporadoras estão entre os destaques de alta de toda a Bovespa, já que cortes de juros barateiam as parcelas de pagamentos dos imóveis. PDG Realty dispara, com alta de 9,9%. Helbor ON ganha 7,58%, Trisul ON sobe 5,77% e Gafisa ON ganha 5,66%.
As quedas são limitadas e contam basicamente com papéis que perdem com a queda do dólar. Suzano PNA cai 2,18%, Fibria ON recua 1,99%, Embraer ON perde 1,19% e Ultrapar tem baixa de 0,22%.
As ações da Gol estão entre os destaques de alta da Bovespa hoje, com valorização de 8,2%.
Os papéis reagem à notícia de que o presidente Michel Temer deve assinar, ainda neste mês, uma nova medida provisória aumentando para 100% o limite de capital estrangeiros nas companhias.
Dólar
O dólar voltou à trajetória de queda e devolve toda a alta conquistada nas semanas seguintes à eleição de Donald Trump nos EUA. Chegou a cair a R$ 3,1534, menor patamar desde 27 de outubro (R$ 3,127).
No início da tarde, o dólar comercial recuava 0,52%, a R$ 3,1757. No mercado futuro, o dólar para fevereiro cedia 0,85%, a R$ 3,1925.
O forte ajuste de baixa do dólar no mundo explica a variação da moeda no Brasil. O índice DXY - que mede a variação do dólar ante uma cesta de divisas fortes - caía 0,80%, a 100,89 pontos, depois de recuar a 100,70 pontos, menor patamar desde 8 de dezembro.
Ante divisas emergentes, o dólar cai, em média, 1,4%. Depois de sucessivas mínimas recordes na véspera, o peso mexicano e a lira turca se recuperam, com altas de 0,7% e 3%, respectivamente.
A correção do dólar reflete certa frustração do mercado com a falta de detalhes sobre planos de estímulos econômicos no futuro governo de Trump nos EUA.
Desde a eleição do republicano, em 8 de novembro, os mercados ingressaram em um "trade" de compra de dólar no mundo, pautados pela ideia de que mais gastos fiscais prometidos por Trump gerariam mais inflação e crescimento, portanto, levando o Federal Reserve (Fed, BC americano) a subir mais os juros do que o antecipado.
Hoje, a presidente do Fed, Janet Yellen, discursa, na mesma sessão em que outros dirigentes do BC americano já falaram.
A queda do dólar no Brasil ocorre também no dia em que investidores reagem positivamente à surpresa com a queda de juros pelo Banco Central.
Um processo mais intenso de queda dos juros tende a ser benéfico para a renda fixa, o que pode atrair fluxos de capital para esse mercado, movimento que tem potencial de valorizar a taxa de câmbio.
Para o BNP Paribas, juros menores são pontos de suporte ao real, já que ajudam a melhorar a dinâmica fiscal - portanto, reduzindo os prêmios de risco. "O ?carry' [juro atrelado à moeda brasileira] não é uma questão, já que um corte de 13,75% para 13,00% mantém o real como uma das moedas mais atrativas no mundo emergente - se não a mais", diz em nota a equipe de estratégia do BNP Paribas para a América Latina, liderada por Gabriel Gersztein.
Juros
Os juros futuros negociados na BM&F começam a tarde desta quinta-feira em forte queda. As taxas curtas chegaram a registrar a maior baixa em um ano. E o volume de negócios já superou o de todo o pregão de ontem, a caminho de fechar como o maior desde o começo de dezembro.
O DI abril de 2017 - que reflete apostas para o Copom de fevereiro - cedia a 12,541% ao ano, ante 12,805% no ajuste anterior. Esse contrato é o mais negociado até o momento, com 304.350 ativos já transacionados, algo incomum considerando seu vencimento curto.
O DI julho de 2017 - que indica apostas para o Copom de fevereiro, abril e maio - recuava a 11,900%, ante 12,215% no último ajuste.
O DI janeiro de 2018 - que concentra apostas para a política monetária ao longo de 2017 - caía a 10,980%, frente a 11,335% no ajuste anterior. Na mínima, a taxa foi a 10,920%, queda de 42 pontos-base ante o fechamento de ontem, a maior desde 21 de janeiro de 2016 (-43 pontos).
Os juros de médio e longo prazo também sofrem firmes quedas, com a magnitude do ajuste nas taxas curtas forçando uma correção também nos vértices mais longos.
O DI janeiro de 2021 recuava a 10,770%, ante 11,110% no ajuste da véspera. E o DI janeiro de 2025 cedia a 11,170%, contra 11,450% no ajuste anterior.
A movimentação nos juros faz os setores de commodities cederem lugar aos papéis da economia local no topo do índice. Em geral, sobem papéis de empresas cuja demanda é mais sensível às taxas de juros, ou de companhias endividadas, que terão redução na alavancagem. Construção civil e varejo se destacam. BR Malls ON sobe 8,2%, Localiza ON ganha 6,9% e Cemig PN tem alta de 6,8%. Os papéis são seguidos por Lojas Americanas PN (6,5%), Copel PNB (6,03%), Pão de Açúcar PN (5,79%), Lojas Renner ON (5,5%), Estácio (5,3%) e Multiplan (5,29%).
BR Malls também ganha com a notícia de que seu conselho de administração vai passar por mais uma reforma, que visa definir a estratégia para um novo ciclo de negócios.
Ao reduzir a taxa, os argumentos trazidos pelo Banco Central - desinflação mais disseminada e demora adicional na recuperação econômica - sugerem que a autoridade monetária deverá manter o ritmo de cortes. Alguns não descartam que o BC possa reduzir o juro até mesmo em 1 ponto percentual.
Ontem, os recibos de ações de companhias domésticas negociados em Nova York fecharam a sessão em forte alta, com Gerdau (6,57%), Petrobras (4,81%) e Vale (4,62%) entre os destaques.
Luciano Rostagno, estrategista-chefe do Banco Mizuho, diz que a performance dos papéis de varejo deve-se a expectativas de melhora na demanda, mas acredita que o efeito será de curto prazo. "Cortes de juros têm efeito real na economia seis meses depois. Vai levar um tempo", disse. Ele acrescenta que a recuperação da demanda na economia local será demorada, já que o país ainda se vê às voltas com desemprego elevado e renda do trabalhador em queda. "Há um benefício marginal, mas a queda de juros por si só não fará com que a demanda se recupere na hora. A recuperação será gradual", afirma.
Num primeiro momento, diz Rostagno, o corte de juros estanca os movimentos de revisão para baixo do desempenho do Produto Interno Bruto (PIB), bem como o pessimismo em relação ao desempenho da economia. Mas ele acredita que a medida não representa uma "virada forte" para a bolsa, porque o cenário ainda oferece muitas incertezas. As principais são a política econômica americana após a eleição de Donald Trump e os crescimento da China e da Europa.
Fora do Ibovespa, as ações das construtoras e incorporadoras estão entre os destaques de alta de toda a Bovespa, já que cortes de juros barateiam as parcelas de pagamentos dos imóveis. PDG Realty dispara, com alta de 9,9%. Helbor ON ganha 7,58%, Trisul ON sobe 5,77% e Gafisa ON ganha 5,66%.
As quedas são limitadas e contam basicamente com papéis que perdem com a queda do dólar. Suzano PNA cai 2,18%, Fibria ON recua 1,99%, Embraer ON perde 1,19% e Ultrapar tem baixa de 0,22%.
As ações da Gol estão entre os destaques de alta da Bovespa hoje, com valorização de 8,2%.
Os papéis reagem à notícia de que o presidente Michel Temer deve assinar, ainda neste mês, uma nova medida provisória aumentando para 100% o limite de capital estrangeiros nas companhias.
Dólar
O dólar voltou à trajetória de queda e devolve toda a alta conquistada nas semanas seguintes à eleição de Donald Trump nos EUA. Chegou a cair a R$ 3,1534, menor patamar desde 27 de outubro (R$ 3,127).
No início da tarde, o dólar comercial recuava 0,52%, a R$ 3,1757. No mercado futuro, o dólar para fevereiro cedia 0,85%, a R$ 3,1925.
O forte ajuste de baixa do dólar no mundo explica a variação da moeda no Brasil. O índice DXY - que mede a variação do dólar ante uma cesta de divisas fortes - caía 0,80%, a 100,89 pontos, depois de recuar a 100,70 pontos, menor patamar desde 8 de dezembro.
Ante divisas emergentes, o dólar cai, em média, 1,4%. Depois de sucessivas mínimas recordes na véspera, o peso mexicano e a lira turca se recuperam, com altas de 0,7% e 3%, respectivamente.
A correção do dólar reflete certa frustração do mercado com a falta de detalhes sobre planos de estímulos econômicos no futuro governo de Trump nos EUA.
Desde a eleição do republicano, em 8 de novembro, os mercados ingressaram em um "trade" de compra de dólar no mundo, pautados pela ideia de que mais gastos fiscais prometidos por Trump gerariam mais inflação e crescimento, portanto, levando o Federal Reserve (Fed, BC americano) a subir mais os juros do que o antecipado.
Hoje, a presidente do Fed, Janet Yellen, discursa, na mesma sessão em que outros dirigentes do BC americano já falaram.
A queda do dólar no Brasil ocorre também no dia em que investidores reagem positivamente à surpresa com a queda de juros pelo Banco Central.
Um processo mais intenso de queda dos juros tende a ser benéfico para a renda fixa, o que pode atrair fluxos de capital para esse mercado, movimento que tem potencial de valorizar a taxa de câmbio.
Para o BNP Paribas, juros menores são pontos de suporte ao real, já que ajudam a melhorar a dinâmica fiscal - portanto, reduzindo os prêmios de risco. "O ?carry' [juro atrelado à moeda brasileira] não é uma questão, já que um corte de 13,75% para 13,00% mantém o real como uma das moedas mais atrativas no mundo emergente - se não a mais", diz em nota a equipe de estratégia do BNP Paribas para a América Latina, liderada por Gabriel Gersztein.
Juros
Os juros futuros negociados na BM&F começam a tarde desta quinta-feira em forte queda. As taxas curtas chegaram a registrar a maior baixa em um ano. E o volume de negócios já superou o de todo o pregão de ontem, a caminho de fechar como o maior desde o começo de dezembro.
O DI abril de 2017 - que reflete apostas para o Copom de fevereiro - cedia a 12,541% ao ano, ante 12,805% no ajuste anterior. Esse contrato é o mais negociado até o momento, com 304.350 ativos já transacionados, algo incomum considerando seu vencimento curto.
O DI julho de 2017 - que indica apostas para o Copom de fevereiro, abril e maio - recuava a 11,900%, ante 12,215% no último ajuste.
O DI janeiro de 2018 - que concentra apostas para a política monetária ao longo de 2017 - caía a 10,980%, frente a 11,335% no ajuste anterior. Na mínima, a taxa foi a 10,920%, queda de 42 pontos-base ante o fechamento de ontem, a maior desde 21 de janeiro de 2016 (-43 pontos).
Os juros de médio e longo prazo também sofrem firmes quedas, com a magnitude do ajuste nas taxas curtas forçando uma correção também nos vértices mais longos.
O DI janeiro de 2021 recuava a 10,770%, ante 11,110% no ajuste da véspera. E o DI janeiro de 2025 cedia a 11,170%, contra 11,450% no ajuste anterior.
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