Real figura entre maiores quedas globais na véspera do Fed
O real ficou entre os piores desempenhos entre moedas emergentes nesta terça-feira, pressionado pela postura defensiva de investidores antes da decisão de política monetária nos EUA amanhã. Mas a fraqueza adicional da divisa veio a partir de renovadas incertezas sobre o encaminhamento do ajuste fiscal no Brasil, com foco na reforma da Previdência.
O dólar comercial fechou em alta de 0,62%, a R$ 3,1716, depois de alcançar R$ 3,1820 na máxima. O dólar para abril subia 0,60%, a R$ 3,1900, depois de bater R$ 3,1990.
O Valor PRO, serviço de notícias em tempo real do Valor, publicou que o governo trabalha com uma demora adicional na votação da reforma da Previdência na Câmara dos Deputados. O jornalista Raymundo Costa informa que, em vez de abril - prazo inicialmente previsto -, o Palácio do Planalto considera agora votação no dia 9 de maio, na hipótese mais otimista. O jornalista relata que a resistência à proposta do governo cresceu nos últimos dias, tanto no Congresso quanto em redes sociais e até em rádio e televisão.
Nos cálculos do banco Brown Brothers Harriman, o real ainda possui "fracos" fundamentos. Numa lista de 25 divisas emergentes, a moeda brasileira possui nota 4. O real fica à frente do peso argentino, da lira turca, do peso uruguaio, da libra egípcia, do peso colombiano, do rand sul-africano e do rublo russo. Na América Latina, o sol peruano é o grande destaque, ficando na quarta colocação global entre as moedas com melhor fundamento.
Algumas casas veem mais chances de o dólar ingressar numa correção de baixa passada a decisão do Federal Reserve (Fed, BC americano). O Morgan Stanley, por exemplo, acredita que a provável alta de 0,25 ponto percentual do juro americano amanhã vai retirar apenas uma parte do alívio das condições monetárias americanas verificada desde novembro, calculada por estrategistas do banco em 0,75 ponto.
"Se o Fed mantiver firme o discurso de gradualismo, o que é provável, as taxas reais de juros nos EUA devem cair, o que colocará o dólar em pressão de venda em relação a divisas de juros mais altos", afirmam estrategistas do banco em relatório.
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