Sinalização do BC sobre atuação no câmbio faz dólar recuar a R$ 3,10
A indicação do Banco Central de que manterá a liquidez do mercado de câmbio impôs ao dólar a maior queda diária em um mês, colocando o real à frente de todos os demais 32 principais pares da moeda americana.
Havia alguma expectativa de que o BC deixasse uma parcela maior de swaps do que nos últimos meses, dado o aumento das incertezas domésticas e externas. Mas poucos acreditavam na rolagem integral dos contratos. O movimento marca uma mudança de postura do BC, que ao longo de fevereiro e março promoveu rolagem parcial dos contratos vincendos em março e abril, respectivamente.
O BC informou em comunicado na quinta-feira que o lote de 16 mil ofertado hoje seria "inicial", deixando em aberto a possibilidade de alterar esse montante nos próximos dias. Mas uma mudança de ritmo é "pouco provável", segundo o diretor de câmbio da Intercam, Jaime Ferreira, para quem mesmo uma melhora de cenário dificilmente levaria o BC a fazer uma rolagem parcial. "Não é o padrão desse BC", diz Ferreira.
Para analistas, o patamar da taxa de câmbio em si não seria suficiente para levar o BC a essa mudança. Na quinta-feira passada, quando o BC anunciou as rolagens de swap do vencimento maio, o dólar estava em R$ 3,1463. Em 15 de março, quando informou as rolagens de abril, a moeda fechou cotada a R$ 3,1098. Em 13 de fevereiro, data do anúncio das rolagens do vencimento março, a cotação estava em R$ 3,1101.
A diferença modesta sugere que o BC optou pela rolagem integral diante do aumento dos ruídos domésticos, relacionados sobretudos à reforma da Previdência - e não apenas pelo patamar do dólar. O efeito de alta do dólar vindo dessas incertezas poderia se sobrepor ao viés de baixa imposto por fluxos esperados, num momento em que o BC quer resguardar o espaço para seguir cortando os juros. Nesse contexto, uma alta indesejada do dólar poderia afetar as expectativas de inflação.
A expectativa de manutenção de liquidez mexeu inclusive com o mercado de FRA de cupom cambial da BM&F. O cupom cambial é a taxa de juros em dólar negociada no mercado brasileiro e serve de termômetro para expectativas de liquidez. A taxa do FRA para junho de 2017 - contrato mais negociado hoje - caía a 1,77% ao ano, contra 2,20% do fechamento de quinta-feira.
Um operador explica que a forte queda ocorre pelo desmonte de posições compradas em FRA curto, construídas a partir da expectativa de que o BC voltasse a fazer rolagem parcial. A compra de FRA curto ocorrida nos últimos dias é uma forma de o investidor capturar a elevação do dólar resultado de uma rolagem parcial dos contratos de swap. "Como o BC indicou que a rolagem será total, quem comprou precisou vender tudo, o que derrubou as taxas", diz.
Ele chama atenção, porém, para algum exagero no movimento, especialmente porque a taxa do casado - uma espécie de FRA de curtíssimo prazo - subiu nesta segunda-feira.
No fechamento, o dólar comercial caiu 1,36%, a R$ 3,1034. É a maior queda desde 15 de março (-1,95%), dia em que a moeda americana sofreu queda global após o Federal Reserve (Fed, BC americano) indicar gradualismo no processo de alta de juros.
No mercado futuro, o dólar para maio cedia 1,30%, a R$ 3,1135.
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