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Ibovespa fecha em queda com incertezas políticas; JBS cai 31,34%

22/05/2017 17h39

Uma série de incertezas rondou as mesas de operação no começo da semana e imprimiu a cautela no mercado financeiro. As dúvidas sobre a permanência do presidente Michel Temer à frente do governo e a apreensão em relação à aprovação da reforma da Previdência fizeram com que os investidores revisassem suas carteiras. Eles diminuíram à exposição em ações ligadas à economia real e aumentaram as apostas nos papéis das companhias de commodities e exportadoras.


O Ibovespa encerrou o dia com baixa de 1,54% aos 61.673 pontos e com giro financeiro de R$ 9,9 bilhões. Apesar da queda, segundo operadores, o preço do índice ainda não reflete a saída de Temer da presidência e sim a incerteza em relação à capacidade de o governo aprovar as reformas. "O mercado está em compasso de espera. A maneira como Temer vai sair do cargo é indiferente para o mercado, o importante é que essa situação de indefinição não se prolongue", diz um gestor. A avaliação dele, no entanto, é de que a reforma da Previdência não será aprovada neste ano.


Em meio às incertezas, gestoras de recursos já começaram a incluir em suas carteiras papéis mais defensivos. A XP Investimentos optou por incluir a ação da Vivo, que entrou no lugar de Smiles e incorporou parte de Itaú e Petrobras. Em relatório, os analistas da XP afirmam que o momento é para optar por ações de empresas com perfil constante de receita, fluxo de caixa previsível e baixa alavancagem, de forma a blindar parcialmente a carteira de oscilações bruscas.


A Guide Investimentos retirou da carteira semanal os papéis da Cesp e da Rumo. "A Cesp tem como principal driver o processo de privatização e renovação de suas concessões por 30 ano, que pode ser afetado pelas tensões políticas", escreveu o analista Luis Gustavo Pereira. Na carteira, ingressaram os papéis da Taesa e da Klabin. "A Taesa é uma empresa mais defensiva e a Klabin deve se beneficiar do aumento do dólar", escreveram.


A Ativa Investimentos remodelou a carteira e incluiu ações menos expostas à atividade econômica e que possuem boa tendência de alta. Saíram os papéis do Banco do Brasil, Eletropaulo, RaiaDrogasil e Gol. Foram incluídas as ações do Itaú Unibanco, Klabin, Vale e Weg.


Hoje, foram justamente as ações do setor de commodities as que tiveram as maiores altas no pregão. Os papéis da Embraer subiram 7%, as ações da Fibria tiveram alta de 6,99%, os papéis da Suzano Papel e Celulose subiram 6,24% e BRF teve alta de 6,06%. Essas companhias também são favorecidas pela alta da cotação da moeda americana, que subiu 0,60% para R$ 3,274.


As ações da Vale também fecharam em alta, seguindo a valorização do preço do minério de ferro. A tonelada subiu 0,8% em Qingdao, na China, para US$ 63,19. Os papéis PNA subiram 2,76% e as ações ordinárias tiveram alta de 2,46%.


Já os papéis da Petrobras fecharam em baixa, apesar da alta do petróleo no mercado internacional. Os papéis preferenciais recuaram 1,62% e as ações ordinárias tiveram baixa de 0,69%. Os contratos futuros de petróleo WTI com vencimento em julho tiveram alta de 0,9% a US$ 51,13 o barril. Em relatório, a consultoria VMI Research informou que a Petrobras corre o risco de não conseguir atingir a sua meta de desinvestimentos de US$ 21 bilhões de plano de negócios. Segundo a análise, a dificuldade da estatal seriam as incertezas regulatórias no Brasil, baixos preços do petróleo e também a falta de ofertas de ativos de alto valor, que ameaçam o andamento das estratégias.


A maior queda do dia estava com os papéis da JBS, que recuaram 31,34% para R$ 5,98. A agência de classificação de risco Moody?s rebaixou o rating da empresa de "Ba1" para "Ba2" e colocou as notas de crédito da empresa em revisão para um novo rebaixamento.


O escritório americano de advocacia Rosen Law Firm abriu um novo chamado para interessados em participar de uma possível ação de classe contra a JBS, motivada pelos impactos na companhia da delação de seus administradores e pela deflagração da operação Bullish, da Polícia Federal.


O Ministério Público Federal informou que retomou as negociações com a JBS para buscar um acordo de leniência. As negociações haviam sido encerradas na sexta-feira e a força-tarefa de procuradores exigia, até então, o pagamento de multa no valor de R$ 11,169 bilhões, equivalente a 5,8% do faturamento obtido pelo grupo em 2016.