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Vale e Embraer puxam Ibovespa, apesar do aumento da tensão política

19/06/2017 14h22

A bolsa de valores brasileira tem uma segunda-feira (19) de elevação, sustentada principalmente pelas ações da Vale, que seguem a alta do minério de ferro.


O Ibovespa, principal índice acionário do mercado local, subia 0,65%, para 62.025 pontos, às 14h03.


A ação PNA da Vale há pouco ganhava 2,96% no horário, enquanto a ON avançava 4,23%, depois de o minério de ferro subir 1% na China hoje, para US$ 56,30 a tonelada. Os investidores na mineradora estão preferindo se focar nas notícias de curtíssimo prazo a se preocupar com as perspectivas para os próximos meses - o Citigroup reduziu sua estimativa de preço para o metal para US$ 48 a tonelada no quatro trimestre deste ano.


A Embraer tem a maior alta do Ibovespa com a notícia de que pode ser anunciada em cerca de 90 dias a primeira venda, para o governo de Portugal, do seu novo cargueiro militar KC-390. A ação da empresa subia 6,23%. Com mais de 90% da sua receita atrelada ao dólar, a fabricante de aviões também se beneficia da valorização da moeda americana.


As incertezas políticas, que têm feito diminuir o interesse pelas empresas locais, aumentou depois de o empresário Joesley Batista reforçar as acusações de que o presidente Michel Temer (PMDB) participava de atos de corrupção. O executivo, um dos donos do grupo J&F Investimentos, afirmou, em entrevista à revista Época neste final de semana, que Temer é o "chefe da organização criminosa mais perigosa do Brasil".


No horário, a JBS era a maior perda do Ibovespa, com recuo de 3,47%. MRV (-2,67%) e Sabesp (2,63%) também apresentavam quedas significativas.


O vencimento de opções sobre ações, neste pregão, tende a inflar o volume de transações e aumentar a volatilidade dos papéis.


Câmbio


O dólar se aproxima da estabilidade no começo da tarde desta segunda-feira, mantendo-se no patamar de R$ 3,30. Mais cedo, a pressão de alta vinda do exterior, somada à persistente cautela com a cena política no Brasil, levou a moeda a testar níveis mais altos. No entanto, já com alguma acomodação lá fora, o movimento perdeu força e o dólar desacelerou gradualmente o avanço ante o real.


Por volta das 14h14, o dólar comercial opera em alta de 0,24%, a R$ 3,2966, tendo oscilado entre a máxima de R$ 3,3148 (+0,79%) e a mínima de R$ 3,2839 (-0,15%).O contrato futuro para julho, por sua vez, ganhava apenas 0,02%, a R$ 3,3055.


O tom mais duro adotado pelo empresário Joesley Batista contra Temer alimentou o sinal de atenção entre os investidores. No fim de semana, o executivo disse em entrevista à revista Época que Temer seria "o chefe da quadrilha mais perigosa do Brasil". O presidente respondeu e acusou o grupo JBS de ter se beneficiado em sua relação com o poder público em governos anteriores, enquanto prepara um contra-ataque jurídico ao delator.


Apesar de desconfortáveis com as incertezas na política, os agentes financeiros ainda aguardam novidades concretas para embutir - ou retirar-mais prêmio no mercado de câmbio. Com isso, a moeda dos Estados Unidos segue próximo do teto do intervalo de R$ 3,25 a R$ 3,30 que vem prevalecendo há cerca de um mês, quando teve início o atual capítulo da crise política nacional.


As atenções se voltam para uma eventual denúncia da Procuradoria Geral da República contra Temer e a efetividade dos esforços do Planalto para barrar a iniciativa no Congresso. Nesta segunda-feira, a Polícia Federal deve concluir o inquérito contra o presidente, com base na delação do empresário Joesley Batista. As investigações devem ser encaminhadas inicialmente ao ministro Edson Fachin, relator da Lava Jato no STF e, em seguida, ao procurador-geral Rodrigo Janot. Com isso, Janot poderá apresentar uma denúncia contra Temer já na semana que vem.


O Planalto vem se mobilizando para barrar a denúncia no Congresso. Para isso, Temer precisará de um terço dos votos na Câmara. Ainda que a leitura no mercado seja de um placar favorável a Temer, não são descartados momentos de alerta entre os investidores.




Juros


Os juros futuros voltam a cair nesta segunda-feira, revertendo a alta do começo da sessão. As taxas seguem assim nos menores patamares desde o estouro da crise política e reduzem gradualmente os prêmios de risco embutidos pelas incertezas em Brasília. O movimento é mais claro nos vértices intermediários da curva, que se amparam na conjuntura de inflação fraca e frágil recuperação econômica.


Hoje, o presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, reforçou a mensagem de que "o cenário prescreve a continuidade do ciclo de distensão da política monetária, já considerando os atuais riscos em torno do cenário e as estimativas de extensão do ciclo". As fala se embasaram justamente na ancoragem das expectativas de inflação, tendo em vista que as projeções para 2018 estão em torno da meta e ficam um pouco abaixo do objetivo para 2017.


Foi notado hoje novo ajuste para baixo nas expectativas de inflação e de crescimento do PIB mostradas pelo Boletim Focus. Agora, o IPCA esperado para este ano está em 3,64%, enquanto a estimativa para 2018 é de 4,33%. Já as projeções para a Selic se mantiveram em 8,5% em 2017 e 2018.


Esses fatores convergem em queda nos juros futuros e precificação de menores riscos de uma aperto monetário no curto prazo, como se temia há cerca de um mês quando tomava conta do mercado o alarmismo com as delações premiadas de executivos da JBS.




O principal fator de cautela entre os investidores é o impasse político.


Por volta das 14h18, o DI janeiro/2018 caía a 9,040%, ante 9,105% no ajuste anterior, e o DI janeiro/2019 recuava a 9,020%, ante 9,090% na mesma base de comparação. A diferença entre as taxas volta a ser negativa, sinalizando as expectativa no mercado de que a Selic não deve voltar a subir até o fim do ano que vem.


Ainda entre os vértices intermediários, o DI janeiro/2021 cai a 10,050%, ante 10,100% no ajuste anterior.


Entre vencimentos mais longos, o DI janeiro/2023 caía a 10,480%, ante 10,520% no ajuste anterior, e o DI janeiro/2025 recuava a 10,670%, ante 10,710%.