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Ibovespa retoma os 64 mil pontos com política e exterior

12/07/2017 17h42

Uma confluência de fatores positivos no cenário político e no mercado internacional fez com que o Ibovespa subisse 1,57% aos 64.836 pontos, o maior patamar registrado desde o início da crise institucional, quando o índice chegou à mínima de 61.597 pontos. O giro financeiro ficou em R$ 10,11 bilhões, o volume mais alto desde 16 de junho, e acima da média diária do ano, que é de R$ 6,2 bilhões. Apesar da recuperação de parte das perdas recentes, a crise institucional fez com que o índice perdesse o rali das bolsas globais.


O mercado de ações já começou o dia em alta com os investidores otimistas com a aprovação da reforma trabalhista no plenário do Senado. O projeto que altera a legislação trabalhista foi enviado à sanção presidencial com o aval de 50 senadores e a discordância de 26 parlamentares. Levantamentos prévios à votação apontavam um placar favorável de no máximo 42 votos. A avaliação dos investidores é que aumentam as chances de aprovação da reforma da Previdência Social.


No começo da tarde, a notícia da condenação do ex-presidente Lula a 9 anos e seis meses de prisão por corrupção e lavagem de dinheiro no caso do Tríplex fez aumentar as ordens de compras de ações. O índice, que operava com leve alta de 0,30%, chegou a subir 1,18% minutos após a divulgação da notícia.


O juiz Sérgio Moro afirmou que o ex-presidente pode apresentar sua apelação em liberdade. Lula só será preso se for condenado em segunda instância pelo TRF (Tribunal Regional Federal). Investidores consideram que ainda é cedo para fazer projeções sobre a permanência ou não do ex-presidente na disputa eleitoral de 2018. A avaliação é de que o processo do Tríplex é o que teria mais chances de absolvição do ex-presidente. Como ele responde a outros processos é possível que novas condenações possam afastá-lo da corrida presidencial, o que agrada aos investidores, que preferem um candidato pró-mercado.


O desempenho positivo dos mercados internacionais deu força extra à alta do Ibovespa. O índice Nasdaq subiu 1,10%, o S&P 500 ganhou 0,73% e o Dow Jones teve alta de 0,57%. A valorização ocorreu depois que a presidente do Fed, banco central americano, Janet Yellen, em depoimento ao Congresso, disse que a taxa de juros nominal não precisa subir muito para que a política monetária se torne neutra. Yellen reafirmou que os apertos monetários serão graduais.


As boas notícias para o mercado de ações tiveram ajuda da alta do preço do petróleo no mercado internacional. Os contratos futuros de petróleo WTI com vencimento em agosto subiram 1% para US$ 45,49 o barril. Aqui, as ações da Petrobras, que representam 10% da composição do Ibovespa, subiram mais de 3%. Os papéis ordinários ganharam 3,90% e as ações preferenciais tiveram alta de 4,95%.


As ações do sistema financeiro fecharam com forte alta. Os papéis do Banco do Brasil subiram 2,85%, as ações preferenciais do Bradesco ganharam 2,65%, os papéis ordinários subiram 2,85%. As ações do Santander ganharam 2,71%. Os papéis do Itaú tiveram alta de 1,08% mesmo depois de o banco J.P. Morgan ter rebaixado as ações do banco de overweight (acima da média do mercado) para neutra.


Apesar da alta de hoje, a bolsa brasileira perdeu o rali das bolsas globais. Desde o início da crise, em 18 de maio, o índice Dow Jones, dos Estados Unidos, subiu 3,89%, em reais, a mesma valorização da bolsa mexicana. A bolsa da Argentina teve alta de 2,17% e o Ibovespa caiu 4%. "A bolsa brasileira ficou parada à espera uma definição política, ninguém sabe o que vai acontecer. O Ibovespa deixou de capturar o melhor momento do mercado global", diz um gestor.


A situação política e a recuperação mais lenta do que o esperado da economia são fatores que limitam a valorização do Ibovespa na mesma proporção das bolsas americanas. As taxas de desemprego continuam altas, o crescimento da economia foi revisado para baixo e há a incerteza sobre a permanência do presidente Michel Temer no cargo. A possível saída dele faria com que o deputado Rodrigo Maia, presidente da Câmara dos Deputados, assumisse o cargo. A leitura de quais seriam as consequências dessa mudança divide os investidores.


Há quem aposte que Maia poderia agilizar a aprovação das reformas estruturais, consideradas essenciais para diminuir o déficit fiscal e reativar a economia. Mas há quem duvide que ele tenha aprovação do Congresso para aprovar as reformas. Outra dúvida entre os investidores é sobre a manutenção da atual equipe economica. "Tenho dificuldade para enxergar a bolsa brasileira acompanhando o rali global deste ano", diz Pablo Spyer, diretor da corretora Mirae Asset.


Para Marco Saravalle, estrategista da XP Investimentos, depois de perder o rali de alta global das bolsas, o Ibovespa poderá ganhar fôlego com sinais mais concretos de recuperação da atividade econômica. "O investidor de bolsa olha os fundamentos e os resultados financeiros das empresas. Os resultados do segundo trimestre devem vir melhores e ajudar na recuperação da bolsa.