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Wall Street se recupera e impulsiona Ibovespa; dólar sobe

14/08/2017 13h42

A recuperação das bolsas americanas deu tração ao Ibovespa, que chegou muito perto de tocar a máxima do ano na sessão de hoje. No melhor momento do dia, o índice atingiu 68.641 pontos, bem perto dos 68.684 pontos alcançados no dia 16 de maio, véspera da divulgação da delação da JBS.


Às 13h38, o Ibovespa subia 1,59% para 68.438 pontos. No mesmo horário, o índice S&P subia 1,03%, Dow Jones ganhava 0,71% Nasdaq 1,24%.


A bolsa iniciou a sessão de forma hesitante, tentando absorver os efeitos do noticiário corporativo local e também os ventos mais favoráveis vindos de fora. Arrefecido o risco geopolítico, as bolsas europeias já mostravam vigor desde cedo, assim como os futuros das bolsas americanas. Entretanto, o vigor só ficou mais evidente quando os negócios em Wall Street ganharam corpo, levando para as máximas os preços das ações.


Na visão dos operadores, a correção de hoje confirma que a maior cautela no mercado de ações na última semana foi alimentada em grande parte pelas preocupações com o embate entre Estados Unidos e Coreia. Tirado - ou enfraquecido - esse elemento, a bolsa retoma a trajetória positiva.


Em parte, as ações se comportam de forma mais positiva pelo conjunto de elementos que se coloca na cena, favoráveis ao mercado de ações: juros baixos e em queda, e sinais de alguma reação, ainda que frágil, dos balanços das companhias. Mas analistas ainda veem com ceticismo a continuidade desse movimento de ganhos. "Os balanços aqui não dão, na nossa visão, suporte para uma lata generalizada da bolsa brasileira", afirma o gestor de um grande fundo paulista.


"Ainda que haja elementos positivos para a bolsa, é cedo para acreditar que haja espaço para ganhos muito mais expressivos daqui para frente", diz outro profissional, lembrando que ainda existem as incertezas fiscais pesando sobre os negócios.


De todo modo, o que se vê hoje é um movimento que busca corrigir os preços, e que acontece de forma bastante disseminada. Às 13 horas, apenas duas ações registravam queda. Uma deles, Sabesp ON, perdia 3,84%, mas chegou a cair mais de 5% em reação ao anúncio da proposta de reajuste tarifário. Ainda existem dúvidas e incertezas sobre o impacto dessa proposta sobre o preço da ação. Goldman Sachs, BTG e Credit Suisse consideraram a proposta negativa, o que justifica a queda da ação. Mas há outros analistas que ainda veem a medida como "neutra". "A revisão não muda o fundamento da empresa. Tem pessoas que viram essa nota preliminar como muito ruim, mas nossa análise é que foi neutra", afirma o gestor de um fundo que vê potencial de ganho nessa ação.


Já na ponta positiva, o destaque é Copel, cujas ações sobem 11,85% a R$ 29,59. O Citi teria elevado o preço-alvo da Copel para R$ 32. Na sexta-feira, a companhia informou que decidiu não avançar com o processo de capitalização e que está analisando alternativas para aumentar a geração de fluxo de caixa livre e reduzir o endividamento.


Outro papel que ficou no foco hoje foi Vale, que já concluiu o processo de migração da ação ON para PNA - esta, já retirada do Ibovespa a partir de hoje. Mas ambas as ações subiram. Enquanto a Vale ON sobe 1,82%, a PNA ganha 1,50%.


Dólar


O mercado de câmbio enfrenta uma sessão de instabilidade nesta segunda-feira. A divisa americana subiu até o nível de R$ 3,20, na máxima em um mês, antes de desacelerar o movimento e se aproximar da estabilidade. Ainda assim, o desempenho da moeda brasileira é bem pior que dos pares emergentes, que ganham terreno em meio ao arrefecimento das tensões entre Estados Unidos e Coreia do Norte.


Por aqui, os ruídos em torno da situação fiscal amparam a alta do dólar. O sinal de alerta entre os profissionais de mercado se acentuou na última sexta-feira, diante de relatos - negados em seguida - de que o governo teria desistido da TLP. Desta vez, a incerteza se pauta na possível revisão das metas fiscais de 2017 e, principalmente, do ano seguinte.


"A interpretação é de que se não passar a TLP, junto com as dificuldades do governo no ajuste fiscal, isso pode significar a perda de articulação no Congresso", diz o executivo de uma gestora paulista. Com isso, há a preocupação de que a tramitação de outras medidas de caráter econômico, incluindo a reforma da Previdência, poderia encarar ainda mais oposição. "O mercado está procurando proteção contra riscos domésticos", acrescenta o gestor.


Os problemas no âmbito fiscal poderiam ter implicações adicionais, incluindo um rebaixamento do rating do Brasil. "O dólar parece mais pressionado com (relatos de) manutenção do déficit fiscal idêntico para três anos seguidos (2016, 2017 e 2018), fato que poderá gerar novo downgrade, e com ruídos de que a MP da TLP (que substitui a TJLP) poderia caducar devido resistência no Congresso, fato que foi negado pelo governo", aponta o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Junior.


Na máxima, o dólar comercial subiu até R$ 3,2058. Este é o maior nível registrado durante uma sessão desde 14 de julho, quando marcou R$ 3,2104.


Por volta das 13h38, o avanço era menor e a moeda marcava R$ 3,1823 (alta de 0,23%).


Para o estrategista-chefe do banco Mizuho do Brasil, Luciano Rostagno, qualquer mudança de meta fiscal precisa ser acompanhada de novas medidas "para deixar claro para o mercado que é uma resposta à decepção com arrecadação e não afrouxamento com despesas". O governo, diz Rostagno, deveria executar novos cortes de gastos e melhorar a gestão da máquina pública.


Uma das novidades a ser anunciada, com a revisão das metas, é a geração de receitas extras, ou a antecipação de receitas em três vertentes: aeroportos, fundos de investimentos e hidrelétricas hoje cotizadas. A iniciativa, de acordo com profissionais de mercado, poderia limitar o desgaste com a mudança nas projeções de déficit primário ao sinalizar comprometimento da equipe econômica com a consolidação fiscal.


Juros


Os juros futuros operam próximos da estabilidade no início da tarde desta segunda-feira, revertendo a alta do começo do dia. O mercado de renda fixa volta a mostrar sensibilidade às discussões em torno da situação fiscal. Os agentes financeiros ainda aguardam o anúncio de novas projeções para o déficit primário em 2017 e 2018. No entanto, além das mudanças nas metas, a expectativa é ver quais medidas devem ser anunciadas para aumentar a arrecadação ou diminuir os gastos.


ODI janeiro/2021 operava a 9,390% (9,390% no ajuste anterior).


O DI janeiro/2018 marcava 8,155% (8,160% no ajuste anterior) e o DI janeiro/2019 subia a 8,090% (8,060% no ajuste anterior).